Unidos somos mais fortes (T1 Ep.19-10)

Domingo, 9 de Março
A Equipa de peritagem concluiu que a estrutura do toldo, bancada e palco estão seguras, a inspecção de hoje aprovou, igualmente, as instalações. Embora a causa do acidente de ontem não esteja clara, tudo parece estar dentro dos conformes. Porém, não consigo evitar este sentimento. Eu sei, algo não está bem!
Da parte da tarde o professor Samuel, os rapazes e a Sofie começaram na montagem do material do laboratório. A Dianne e a Joan estão revendo os estragos causados ontem e o orçamento necessário para os cobrir. A Monic e eu estamos a trabalhar com a equipa de manutenção, transportando os adereços da decoração.
Por mais de uma vez tentei falar com a Joan, mas parece estar a evitar-me. Vejo no seu olhar, há algo que ela receia contar-me. Provavelmente não quer mentir e é por isso que evita ser questionada. Ela sabe mais do que nos diz, decerto!

No final do dia, ao virmos embora, a Joan já não estava presente. Pedi ao Charlie para parar junto do seu portão e ao tocar na campainha a sua mãe é que respondeu. Disse que a Joan tinha ficado de fim-de-semana em casa da avó. Não pode ser coincidência. Se Mikhael está perto dos seus ascendentes, ela está lá com ele. Ele ajudou-me ontem. Ambos sabem, devem saber o que se passou e porquê. O que não compreendo, é porque nos mantêm sem respostas!
São dez da noite, telefonei à Joan pela quarta vez! Eu sei, parece desespero! E estou a lá chegar… Tal como ontem, ela não me atende a chamada. Não consigo ficar descansada sem saber o que realmente se passou. Não consigo abanar este sentimento, sinto-o como um alerta. As palavras da Joan e do Richard ressaltavam-me no pensamento. “Magia”, “tentação”, “guardiães”… Se ela está em perigo, todos nós estamos. Eu não tenho magia, como posso ajudar se não sei o que se passa?!
Entretanto, na Biblioteca Ancestral Joan tentava contactar com Mikhael. Este partira em busca de resposta e desde ontem que não dava qualquer explicação pela sua ausência. O que, tanto para ela, como para Francis era estranho. Ele mantinha, dia e noite, o seu olhar atento, para me proteger e na iminência de um ataque desaparecera!
Joan: Já deu notícias?
Francis: Não, Infanta. Mas consegui localiza-lo!
Joan: Onde está ele?
Francis: Ele fora para norte e consegui manter o rasto algum tempo, mas hoje - pegou no mapa, estendeu-o sobre a mesa e apontou - aqui! Aqui foi onde o perdi.
Joan: No velho jardim do Palácio?! Mikhael tem estado tão perto! – Ficou pensativa. – Porquê não diz nada!?
Francis: Se encontrou a sombra ela pode o ter cativo. Não consigo sentir magia naquele espaço, ele desapareceu do mapa. É como se estivesse protegido por um véu…
Joan: Eu vou até…
Seth: Vais aonde?
Joan: Mikhael! Está bem? – Perguntou com uma sensação de alívio, por as suas suspeitas estarem erradas. - Porque desapareceste assim?
Seth: Não sabia que tinha de marcar ponto. – Disse dirigindo-se ao seu quarto.
Joan: Hey, HEY! Não me vires as costas. – Mikhael olhou para a Joan e ela vira uma mudança na sua expressão, ele estava preocupado e desapontado ao mesmo tempo. E num tom complacente continuou. - Sabes pelo que passei?! A Rose foi atacada e tu desapareces. Fiquei preocupada, porque ficaste sem dar notícias?
Seth: Bem… Eu sou imortal, por isso não tens com o que te preocupar. - Entrou no quarto e fechou a porta.
Joan: Porque está ele agindo assim?
Francis: Joan!
Joan: Sim!
Francis: A Rose foi atacada, ele poderia a ter perdido uma vez mais…
Joan e Francis sentaram-se nas poltronas junto da mesa aguardando Mikhael regressar. Ela sabia que ele escondia algo e estava determinada a saber o quê.
Minutos depois a porta do quarto voltou-se a abrir deixando Mikhael sair. Ele tomou um banho, mudara de roupa e preparava-se para os deixar novamente.
Joan: Por onde andaste? Descobriste alguma coisa?
Mikhael: Não. – Mentiu. – Pensei ter uma pista, que me levou até ao velho jardim do Palácio, mas quando lá cheguei percebi o porquê de ser atraído por aquele lugar. O meu foco estava no passado e não no presente.
Joan: O que descobriste lá?
Seth: Não descobri nada de relevante. É um velho jardim perdido no tempo, com memórias e juras esquecidas de reis mortos… - Olhou em seu redor, procurando por um livro em específico. Ao encontra-lo, num flash colocou-se junto deste, agarrou-o e acrescentou. - Nada mais.
Joan: Ah… - Com as palavras de Mikhael ela relembrara-se… - O jardim mágico! O teu jardim, mas está tão diferente. Eu… Desculpa. Eu não sabia.
Seth: Agora sabes. Tenho de ir! – Virou costas e saiu pelo túnel.
Joan: Mikhael…
Francis: Deixa o ir.
Joan: A razão porque não sentes a magia daquele lugar é porque ele ocultou-o. Esse jardim fora criado, destinado a ser o seu porto seguro, para ele e para Anastacia. Um dos seus últimos actos enquanto mortal. – Joan fixou o mapa. - Esta terra está tão diferente. Nós estamos todos tão diferentes. Eu sei quem sou, mas por vezes temo não ser mais quem costumava ser… Sinto a minha magia fortalecer-me de dia para dia, mas não me sinto forte como antes, não me sinto completa… Porque não a consigo encontrar? O que nos está a escapar?!
Francis: A sombra conhece-vos, é alguém do vosso castelo, em tempos, fora parte do nosso povo. Ela sabe que Mikhael está por perto. Sabia que interferiria e assim ambos os traços se fundiriam. Não conseguimos rastrear a sua magia.
Joan: Tens razão! E não sei se não é isso que me assusta mais. A Rose está a salvo sem as suas memórias, temos de o manter assim.
Francis: Eu disse-vos, não podeis parar o processo, não outra vez. Ela irá completar os ciclos, ela irá libertar o círculo e cumprir o seu destino.
Joan: Não vês? A Sombra não a queria magoar, está apenas brincando connosco. Essa sombra que tu vistes, sabe que terá o que quer. Nenhuma visão do futuro é certa. Eu li a tua mente. Não tens certeza da profecia estar correcta. Ela quer que sintamos a dor, revivamos o sofrimento daquela noite, das vidas que se perderam. Demonstrando o seu poder para nos fazer sentir incapazes, impotentes perante tal… Quando acabará tudo isto? Quando poderemos estar em paz finalmente?!
Joan sentiu a sua energia aumentar. Estava canalizando o poder das pedras. Olhou Francis, não esperando uma resposta, não. Ela estava vendo a sua dor, ela viu uma criança perdendo a sua mãe, ela viu a energia que o percorria e finalmente ela viu Nina… Concentrou a sua energia na imagem que se apresentava, para mandar uma mensagem – Ad nos venit! – Vem até nós!

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