Mais do que Humano (T1 Ep.19-6)

Dianne: Já tenho alguma experiência em eventos desta grandeza. – Disse sorridente, realçando a sua participação no festival de verão no ano passado. – “O importante é estar prevenido para os imprevistos.” Citando o meu querido mentor do festival. Vamos ter tudo pronto a tempo não te preocupes. As equipas de manutenção e de decoração têm feito um trabalho extraordinário.
Joan: Se gosta do que viste até aqui, acredita, em duas semanas, vais adorar ainda mais.
Rose: Obrigado meninas. Adoro-vos!
Monic: Oh… Venham daí, abraço de grupo.
Unimo-nos todas num abraço gigantesco.
Rose: Falta aqui a nossa Sofie.
Joan: E por falar em Sofie, prendas! Já têm ideias?
Dianne: A qualquer momento estão aí a chegar, vamos buscar os cafezitos e discutimos o assunto, pode ser?
Joan: Vamos lá!
No caminho até ao espaço de convívio, da sala de manutenção do Palácio, aproveitámos o facto de estarmos reunidas sem a Sofie para falar no seu aniversário que é já no próximo fim-de-semana! Com a maior parte do nosso tempo disponível passado a trabalhar para o desfile ela pensa que nos esquecemos. Pelo menos age como tal. Na verdade estamos a preparar-lhe uma festa surpresa!

Não é fácil surpreender a Sofie, por mais que reaja como se assim o fosse, ela é demasiado atenta aos pormenores, há sempre algo que capta numa pequena expressão ou numa pequena frase que lhe revela a nossa intenção.
Joan: Coordenamos as prendas?
Monic: A Rose pensou oferecer uma “Almofada Secreta”. Eu pensei num diário para combinar. Podemos jogar com este tema, o que acham?
Joan: Boa! Rose, fazes um daqueles acessórios para a cabeça do lápis?
Rose: Uma ponteira? Sim, claro! Em borboleta, certo?
Joan: Sim! Capricha! Sabes como a Sofie gosta de detalhes.
Rose: Claro. – Acenei-lhe em concordância.
Dianne: E eu?! – Fez um beicinho… - Já sei! Uma capa para o seu tablet, fazes?
Rose: Claro!
Dianne: Em azul-turquesa, rosa bebe e branco. A Sofie adora…
Sofie: Estavam a pensar em mim?!
Antes que a Dianne conseguisse terminar a sua frase, pelo arco da entrada, da sala de manutenção, apareceu a Sofie.
Joan: Hey! Cá está ela.
Dianne: A Sofie adora o trabalho com o pessoal, só para concluir a minha frase. – E na tentativa de manter o assunto desviado do que realmente estávamos a falar, continuou. - Já chegaram todos?
Sofie: Eu e o Charlie viemos à frente, mas o camião está aí a chegar. O Richard vem com o Professor. O Miguel mandou mensagem, vai apanhar o Pedro em casa e já vêm cá ter. Precisamos de pelo menos mais um par de mãos para ajudar a descarregar o camião.
Rose: Eu ajudo. Levam os cafés até ao lago?
Dianne: Claro. Já vos encontramos lá.
Sofie: Até já.
Deixamos as meninas e seguimos para a entrada do jardim. Quando lá chegamos já o Richard e o professor faziam companhia ao Charlie.
Rose: Bom dia Professor, Richard.
Prof. Samuel: Bom dia! Podemos levar o material para dentro?
Rose: Claro. A equipa de manutenção só chega depois das nove, estamos à vontade para circular. Amanhã vêm fazer uma inspecção primária, acham que conseguem montar tudo até lá?
Richard: Conseguimos sim. Assim que levarmos as caixas para dentro começamos a montar.
Prof. Samuel: Até ao final da tarde temos o primeiro teste feito.
Rose: Isso seria perfeito.
Prof. Samuel: Vamos lá por mãos ao trabalho. Tomaram um pequeno-almoço reforçado?
Rose: Sim. As meninas estão a preparar uns cafezitos para nós. Querem comer alguma coisa a acompanhar?
Richard: Eu estou bem, obrigado.
Prof. Samuel: Café está óptimo.
Rose: Charlie?
Charlie: A meio da manhã não digo que não, mas por agora estou bem.
O Charlie saltou para o caminhão e distribuiu as primeiras caixas ao professor e à Sofie. Ambos ficariam já no palco, dando início à montagem.
O Richard e eu seguimo-los, cada um com uma caixa em mãos, também. Depois de as deixarmos no palco regressamos ao camião.
A caminho ouvi um ranger. Estava com uma sensação estranha. Algo não estava bem, senti um arrepio, novamente, percorrer-me o pescoço.
Rose: Aquilo está a tremer?
Richard: Também ouvi. - Olhou para cima e continuou. – Estas estruturas são seguras. Deve ser do vento a bater na lona…
Hii.. Zas…
Rose: RICHARD!
Olhei para cima e vi a viga que segurava toda a entrada cair sobre nós, levando a estrutura suspensa por esta a desmoronar-se. Foi tudo tão rápido! Não sei como, mas pressenti que isto ia acontecer e ao ouvir o ranger, uma segunda vez, empurrei o Richard por instinto. Queria o desviar, mas ele fora mais rápido do que eu, segurando-me a mão puxou-me e pôs-se por cima de mim. Ao momento que aparava a viga com o seu corpo tudo parou. O meu coração estava disparado, a minha respiração completamente alterada e naquele preciso instante, no meu pensamento “Mikhael, preciso de ti!” Não conseguia pensar em mais nada, se ficaria ferida, se sobrevivia à violência de tal queda, nada disso me importou naquele momento, só queria que ele salvasse o Richard…
Mas o que vi, mudou-me… Não era medo, nem receio da sua transformação. Algo em mim queria o ver por completo na sua forma. As palavras de Joan invadiram-me, “sereias, lobos, fadas…” tal como o desejo de ver tais criaturas. “Seria possível?! Tudo o que dissera seria, realmente, verdade?! Houve, de facto, uma época em que estes seres eram livres e coabitavam com humanos sem receios?!” A mudança em mim era a força da compaixão, gritando para o proteger…
O olhar de Richard ficou um vermelho escuro, quase negro. Estava congelado à minha frente quando ouvi esta voz dizendo-me para sair dali. A viga parecia ir esmagá-lo, mas com a sua força a deteve antes de me alcançar. Arrastei-me para trás, desviando-me e assim que fiquei livre do seu alcance o tempo voltou ao normal. Aquela viga teria esmagado ambos, como fez ele aquilo?!
Paa…
Richard: Aah! – Bateu-lhe nas costas e sem ressalto caiu para trás.
Rose: Richard os teus olhos… Ficaram… - Ouvi um estalar e com ele o seu rosto voltou ao normal. – Estavam todos negros. – Estava assustada… Porém a sua força, o mistério que o envolvia neste momento, muito mais me cativava.
Richard: Estás bem, Princesa?
Rose: Sim. – Disse ainda a tremer um pouco.
Richard: Não tenhas medo!
Rose: Como fizeste isto?

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