Como o Vento (T1 Ep.19-9)

Mikhael ouvira as minhas palavras. O seu coração batia com mais vigor ao sentir a compaixão nelas, porque, no alto daquele terraço, ele também sentiu amor… Um sentimento difícil de explicar, mas tal como o vento que lhe acariciava o rosto, ele não o via, não lhe conseguia tocar… Contudo, ao sentires, desde a sua pequena brisa, à sua força devastadora, sabes que ele é real. Está em teu redor, esperando o seu momento, esperando o seu reconhecimento no outro. E se abrires o teu coração, conseguirás ouvi-lo chamar por ti, querendo unir dois num só…
Mikhael quis descer até nós. Segurar-me nos seus braços era o seu desejo. Ele queria sair da escuridão e se mostrar, ansiava pelo meu carinho, pelo meu toque. Mas agora sabia o que tinha de fazer para me manter segura e então partiu.
Apesar do incidente, esta manhã não fora um completo desastre. Tínhamos tanto para adiantar no recinto do desfile, é verdade, e com isto a montagem do material do laboratório estava atrasada. A estrutura do toldo estava a ser toda revista, bem como as bancadas e o palco.

A Dianne tomou as rédeas da situação e distribuiu novas tarefas por todos nós. Em concordância com o professor Samuel e o técnico da electricidade decidiram redireccionar os nossos esforços para concluir a instalação da iluminação no exterior. E até à hora de almoço conseguimos. Não foi um grande avanço, mas ainda assim, um passo em frente, para além de nos ajudar a distrair do que se passara.
Não falamos muito sobre o que aconteceu, porém a ansiedade de perceber estava presente. De quando em vez olhava para o trabalho que realizavam na tenda principal e uma ou outra vez interroguei a Dianne sobre o assunto, ao que ela respondeu sempre “no final da peritagem já nos dão uma resposta”.
Momentos antes de sairmos para o almoço o técnico responsável, chamou-nos, parecia já ter explicações. Pensava eu!
A avaliação do sucedido foi inconclusiva. O material está em óptimas condições e como era de esperar, não havia sinais de falhas na estrutura Na apreciação do especialista as junções tinham sido folgadas. Por miúdos, alguém desapertou os parafusos. O que não fazia sentido segundo o relatório que apresentava, pois, para além da força da viga que a teria feito ceder há mais tempo, para fazer tal seria preciso o equipamento adequado e como era óbvio pela falta de marcas no chão, não tinha estado aqui nenhum veículo, nem os reportes da segurança denunciavam a presença de pessoal não autorizado. “Então, o que aconteceu?!”
Nenhum de nós ficou satisfeito com a falta de uma certeza. A Dianne e o professor Samuel fizeram mais algumas perguntas, ao que o técnico garantiu ser seguro continuarmos os trabalhos. Todavia, continuariam a analisar o que se passou.
Reparei na reacção da Joan, a forma como aceitou o resultado da avaliação, tão calmamente, foi suspeita. Porquê?! Porque depois das meias verdades que ouvi até agora, a falta de explicação lógica não me é estranha de todo.
Eu sei que a Joan não faria nada para nos magoar, ou melhor, quero acreditar que não o fizesse, mas o que se sucedera era um feito de magia e se assim fosse, decerto, ela saberia quem responsabilizar. O que me preocupava com este pensamento era o facto da dúvida sobre se ela dir-nos-ia, ou seria mais um segredo para manter, persistir permanentemente. Estava assustada com o que aconteceu e o receio de ter de cancelar o desfile não me deixava pensar com clareza, precisava de respostas, precisava de certezas!
Sofie: Professor almoça connosco?
Miguel: Venha professor, é a celebração da nossa vitória.
Prof. Samuel: Vitória?
Charlie: As meninas aqui desafiaram-nos para um jogo de Bowling. Não tiveram hipótese… – Disse fazendo um beicinho em jeito de brincadeira. – Mas hoje celebramos todos juntos. Venha connosco!
Rose: Em nossa defesa, eles são bons, muito bons. Claramente tiveram mais tempo de prática do que nós.
Richard: Vocês não estiveram assim tão mal…
Sofie: Obrigado! Sr. dos Strikes. É muito simpático da tua parte.
Prof. Samuel: Folgo em saber que saíram para se distraírem. Fazem muito bem. Vamos lá então meninos.
Quando chegamos ao KoffyBreak já o Mario nos esperava, com as mesas organizadas para nos sentarmos todos juntos. E depois de pedirmos as bebidas, dei um golo no meu chá gelado em jeito de preparação para o discurso que se avizinhava. Pedia a atenção de todos…
Charlie: Oh-o! Ai vem discurso.
Rose: Não é comprido e a comida ainda demora por isso cá vai. Sei que apanhamos um grande susto esta manhã. Mas felizmente está tudo bem. E, sinceramente, espero que não tenhamos mais surpresas desagradáveis como esta. Apesar dos pesares tenho muito por estar grata, às equipas de manutenção, limpeza e técnicos, que têm trabalhado dia após dia. Aos responsáveis do azeite “Bonnet” e aqui do KoffyBreak, que nos apoiaram e acreditaram em nós. E principalmente a vós, ao esforço e empenho de cada um aqui presente. Sem vocês isto não seria possível. Foram o impulso, o ponto de partida e são os pilares deste projecto. Dedicaram-se sem esperar nenhuma recompensa em troca…
Charlie: Nós temos um voucher para o almoço… - Disse exaltando os sorrisos em todos.
Rose: É verdade. E agora que já disfrutaram do sabor da vossa vitória posso contar o resto da surpresa… - Ficaram a olhar para mim em suspense. - Eu comprei vouchers para todo! Para vos agradecer terem embarcado nesta aventura comigo. Por isso o meu muito obrigado. – Fiz uma vénia e voltei a sentar-me.
Todos aplaudiram, sorrindo de alegria. É apenas um pequeno gesto, eu sei, mas é de coração. Para que todos juntos celebramos este novo capítulo nas nossas vidas e para que todos juntos possamos olhar o nosso par e reconhecermos o seu mérito.

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