"Amor" é uma Surpresa (T1 Ep.19-12)
Sofie: Uau, estão todos aqui! E os
rapazes, onde estão? – Olhava em volta desejosa por cumprimentar todos quando
deu pelas suas ausências.
Joan: Estão lá em baixo a ajudar a tua
mãe a montar o cenário…
Dianne: Sabíamos que já desconfiavas,
então, quando a tua mãe sugeriu esta ideia alinhamos logo.
Joan: O trabalho está adiantado, foi só
para te manter no suspense.
Dianne: Tudo planeado ao pormenor!
Sofie: Obrigado meninas, obrigado a
todos! Agora vamos até lá a baixo comer e arranjar mais espaço. Venham!
Ao descermos já a mãe da Sofie com a
ajuda do Charlie, do Richard, do Pedro, do Mario e do Miguel tinham posicionado
balões e enfeites em todo o lado e desposto comida em travessas pela sala
enorme de recepção aos convidados, a música ambiente já se fazia ouvir e ao
olhar em volta todos já se dispersavam. O dia despertou com chuva, porém as
nuvens carregadas já não se viam o que permitia as portas abertas para o
jardim.
Enquanto preparávamos os nossos pratos a
Sofie deu uma volta pela sala e jardim cumprimentando e agradecendo todos os
presentes. O seu olhar, embora mais alegre, mantinha um brilho de tristeza. E
eu acho que sei o porquê!
Quando regressou junto de nós vinha a
fazer umas caretas…
Sofie: Ierc… - Este sumo está estrago.
Dianne: O de laranja? – Olhou para o
copo de ambas. – A mim sabe bem!
Sofie: Parece salgado e com terra… Está
esquisito, não vou beber mais. Vou pedir a minha mãe para retirar este sumo.
Dianne: Prova Monic! Está bom, a sério!
– Esticou o braço com o copo em direcção à Monic dando-lhe de provar.
Monic: Sim. Sabe bem!
Sofie: Vocês estão com frio? Eu, eu…
Joan: Segura-te a mim. Faz um esforço
para ficar acordada. Faz um esforço. – Olhou para mim preocupada, a sua
expressão revelava que a contagem decrescente começara.
Sofie completara um ano após o seu
décimo quinto aniversário, o seu espirito precisava da magia no seu corpo, da
sua essência… “Se o círculo não se completar, morrerão devagar e em
sofrimento…”. Primeiro a Sofie, depois Monic e até final do ano Dianne, se isso
acontecesse elas estariam perdidas! Agora mais do que nunca sentia a
necessidade de me libertar, de as libertar.
Dianne: O que se passa? Joan?
Joan segurava Sofie pela sua mão direita
enquanto o seu braço esquerdo se apoiava nos seus ombros. Baixinho proferiu
umas palavras e em simultâneo a vitalidade parecia ser reposta em Sofie.
Joan: Ela precisa de magia, o seu corpo
está cedendo!
Sofie: Estou melhor, não se preocupem.
Rose: É claro que nos preocupamos…
Dianne: A Rose tem razão! O que podemos
fazer Joan?
Joan: Encontrarei uma resposta até
estares preparada.
Rose: E se estiver preparada agora?
Joan: Eu sei que não é fácil, mas não te
precipites, por favor.
Rose: Não estou! Lembraste do jardim que
criaste para mim, como prenda de Aniversário?
Joan: Sim! Mas tu… Como? – Olhava para
mim como se me vasculhasse a mente, apesar disso o seu olhar não estava assim
tão admirado.
Rose: Ele veio até mim com um presente,
vi o jardim e pensei ser feito seu, mas fora teu, Mikhael oferecera-me algo
diferente nessa manhã.
Joan: O que foi? O que te ofereceu ele?
Rose: Uma tiara de flores…
Joan: Não é possível, quem te contou
isso?!
Rose: Eu o vi! E vi outras coisas
também, fracções de segundos, relevando pequenas imagens, sons, até cheiros.
Os olhos de Joan enchiam-se de lágrimas
e em simultâneo libertava um doce sorriso.
Joan: Sofie, ficarás bem, todas vós! Eu
tenho de ir meninas…
Sofie: Já? Eu sinto-me melhor. A sério
que sim!
Joan: Preciso de fazer algo para o teu
corpo não adoecer e sei onde encontrar respostas. Desculpem meninas!
Virou costas e caminhou num passo
acelerado até a perdermos de vista.
Monic: Como te sentes?
Sofie: Melhor, a sério. Ninguém deu por
nada, pois não?
Dianne: Não te preocupes, estão todos
entretidos nas suas conversas e mais atento aos petiscos.
A Joan deixou a festa da Sofie pouco
depois de começar, saiu preocupada, revelando algo mais pelo seu olhar,
revelava esperança. Estive a pouco de contar sobre o meu acordo com Richard,
porém o receio de a Joan intervir de alguma forma me deteve.
Sentia-me melhor, mais forte, mais
confiante do que nunca, e ao mesmo tempo sentia-me eu. Quanto mais me era
revelado mais certeza eu tinha de mim, como se os pequenos pedaços do espelho
se reagrupassem mostrando o que temia ver. Eu mesma!
E foi desta força que me servir para
ousar no meu presente extra para a Sofie. A princípio não compreendi o porquê
da Sofie manter um segredo connosco, mas do mesmo jeito que temia uma
interferência da Joan, talvez a Sofie temesse uma conversa de miúdas ser
escutada pelos pais, revelando um lado seu que ela, claramente não queria
perder, o lado da paixão, do romance na adolescência e até um pouco de
rebeldia. Sofie sabia que se a mãe desconfiasse que estaria a apaixonada, não a
permitiria ver mais o rapaz, que nas palavras da D. Humberta, só a distrairia
dos estudos, do percurso que ambas planearam juntas.
Passamos a tarde entre conversa, jogos e
boa música. Quando o sol se pôs foi como o despertar do relógio, a hora
acordada chegara.
Rose: Sofie, ajudas-me a trazer mais
aperitivos?
Sofie: Claro!
Monic: Eu vou convosco.
Rose: Obrigado Monic, mas não é preciso.
– Fiz-lhe um sinal, caricato para se sentar. – Nós conseguimos! – A Sofie olhou
para mim com um ar duvidoso, mas esta surpresa ela não conseguiria adivinhar.
Sofie: A onde vamos? A cozinha é lá para
trás! – Paramos junto da casa da Joan, onde os carros dos convidados se
agrupavam. – A Joan mandou-te mensagem? Já sabe alguma…
Nelson: Parabéns Sofie. – Disse
sobressaindo de entre os carros…
A Sofie olhou para mim meio confusa e
correu na direcção do Nelson, ao alcançá-lo deu-lhe um abraço tão forte…
Rose: Bem, vou regressar à festa.
Sofie: Rose. Obrigado!
Sorri e deixei ambos.
Pelo curto caminho de regresso à festa,
muito me passava pelo pensamento, mas tudo se resumia a uma pessoa, Mikhael! Ao
chegar junto das meninas e dos rapazes, apercebi-me que me esquecera de
arranjar uma desculpa para a ausência da Sofie, porém ao colocar os aperitivos
na mesa Monic rapidamente mudou o rumo da conversa, que, com a ajuda de
Charlie, depressa se espalhou pelo grupo. Nem deram oportunidade para
questionarem a sua ausência.
Com todos os caminhos e obstáculos que a
vida nos reserva não há melhor surpresa do que as amizades e os amores que
vamos descobrindo no seu percurso…
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