O Baile de Carnaval (T1 Ep.18-11)
Sexta-feira,
28 de Fevereiro
A cada dia um pouco mais descobria sobre
os sacrifícios que foram exigidos para estarmos aqui e a cada dia desejava
poder ter a força e a capacidade para devolver-lhes a alegria, a família, a
paz. Não podia fazer o tempo regressar por mais que o desejasse, mas
encontrarei uma forma de as ajudar!
É sexta-feira, estamos todos vestidos a
rigor, com as fantasias mais hilariantes à vista. O ginásio está repleto de
decorações alegres. E devia ser um dia para nos divertirmos, apesar do esforço
parece que não consigo descontrair, tenho muito no pensamento.
O Charlie e os rapazes estão por ai a
espalhar o seu charme, com os seus fatos e máscaras elegantes, a Monic está
dando a sua volta da praxe tirando fotos aos conhecidos e desconhecidos, a
Dianne está dançando com o Mario, a Sofie ainda não chegou, creio, e a Joan
disse que vinha mais cedo, mas também ainda não a vi. Como também ainda não vi
o Richard, por momentos idealizei que ambos, finalmente, se confrontavam em
relação aos seus sentimentos.
Esta semana tirei uma página do livro da
Monic e subtilmente tentei perceber tanto junto do Richard como da Joan, porque
ainda não o fizeram, porque não confessam a sua paixão?! Mas ambos se recusam a
falar de amor quando é do seu de que estamos a falar. O que só me deixou mais
intrigada.
Enquanto observava a sala, balançando
suavemente ao som da música, envolta pelos meus pensamentos, um rapaz alto
parou junto a mim…
Richard: Dá-me a honra desta dança, Princesa?
– Disse o individuo que se apresentava oculto pela máscara.
Rose: Oh, Richard. – Sorri em simpatia
às suas palavras em tom de brincadeira. Richard seria o único que me trataria
de tal forma. – Claro.
Ao conduzir os nossos movimentos,
Richard, fazia-nos dançar, rodopiando pela sala, conseguindo evitar os demais
que ocupavam a pista de dança.
Richard: Antes do Carnaval ser celebrado
como nos dias de hoje, havia já uma longa tradição de bailes em agradecimento
aos Deuses pelas boas colheitas. O nosso povo, cheio de diversidade entre
criaturas, adorava as cores vivas da natureza e nesta época era comum colorirem
os rostos, o cabelo e adornarem-se de vestes igualmente coloridas. Na praça
principal, todos se reuniam, uns faziam as suas danças de agradecimento, outros
enchiam cestos com alimento para partilhar entre vales. Era uma das épocas mais
festivas que unificava todos os povos do reino. – Olhava-me em espera de uma
resposta, de uma memória, mas nada. Estava demasiado triste, não consegui fazer
o esforço necessário. Ao apreciar os casais que dançavam perto de nós, estando
aqui nos braços de Richard, apenas conseguia pensar em como desejaria ser ele
aqui, ser ele a chamar por mim.
Rose: A cada conto teu mais e mais me
encanta o vosso tempo. Desculpa, eu…
Richard: Compreendo, não tens porque te
desculpar. As tradições de hoje também são muito cativantes e alegres, porquê
esse olhar tão triste?
Rose: Triste, não… Eu, eu… - Não
conseguia encontrar as palavras, como dizer que apenas desejava lembrar-me de tudo,
de olhar Mikhael, de chamar pelo seu nome sem medos.
Richard: Ele está apenas a um segundo de
distância. Se chamares pelo seu nome, estará ao teu lado.
Rose: Eu sei… - O sorriso, não escondia
a tristeza. Não compreendera o que Richard dissera. Sabia que Mikhael estava
por perto. Mas a ilusão da sua presença não era mais o que queria. – As vezes
desejo mais do que um segundo. Gostava de o conhecer…
Richard: Chama pelo seu nome.
Será possível? O meu coração disparou
com a ideia, seria uma mensagem de Mikhael? Fechei os olhos e chamei pelo seu
nome.
Rose: Mikhael, como desejo que aqui
estivesses.
Tudo à minha volta parou. Estavam
congelados no tempo. Um único mascarado se mexia e vinha na minha direcção.
Apesar do medo que sentia, fiquei quieta.
Rose: Mikhael?
Seth: Dá-me a honra desta dança, milady?
– Perguntou ao fazer uma vénia.
Rose: Não há música. – Olhei em redor um
pouco perdida. Estaria a sonhar!?
Seth: Perdão. – Com o movimento dos
restantes a música surgiu. Não vira o seu rosto por completo, mas o seu sorriso
já me conquistara.
Foi uma noite mágica. Foi tão bom sentir
a sua presença, o seu toque, ouvir o som da sua voz, senti-lo tão perto… Foi
apenas por breves momentos, passado num piscar de olhos e nesse instante era
Richard que estava novamente como meu par de dança. Apesar de uma pequena
lágrima que espreitava no canto do olho, não estava mais tão triste. Estes
pequenos momentos davam-me a força de que precisava para continuar. Apagavam os
meus medos.
Rose: Obrigado! – Com uma pequena vénia
da sua cabeça, Richard assentiu.
Mikhael não era a única surpresa da
noite, à medida que nos divertíamos, à medida que o tempo passava, havia algo
que nunca deixara o nosso lado, embora nem dessemos por conta da sua presença,
tal como uma sombra.
Sombra: Ora vejam só! Eu sabia que não
ficarias longe por muito tempo. Demasiado fácil… - Disse libertando um sorriso.
– Simona não ficará contente quando souber. Enfim, o ciclo tem de ser completo
e eu estou aqui para ajudar…
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