Entre Desejos (T1 Ep.18-10)
Nos dias que se seguiram comecei a
trabalhar no planeamento para a próxima coleção, acompanhei as meninas nos
preparativos para o baile de Carnaval, reunimo-nos várias vezes para nos
sincronizarmos nas etapas do desfile e nos próximos passos a dar, mantendo
sempre a esperança de Richard aparecer, partilhando um pouco mais sobre nós,
sobre as nossas vidas passadas.
(Quarto
Minguante) Sábado, 22 de Fevereiro
Na reunião do jardim do Palácio era
notório uma aproximação entre nós, apesar das meninas não saberem sobre o nosso
acordo, não estranhavam a confiança entre mim e o Richard. Já o professor
Samuel, estava mais sorridente do que antes. Pelos seus comentários anteriores
não era difícil adivinhar o que lhe passava pelo pensamento.
Ao início estranhei a sua reacção, o que
para a Sofie e os rapazes era normal, para mim era esquisito. O trabalho no
laboratório é minucioso e exige muitas horas de dedicação, talvez por isso
mesmo, o professor Samuel insista tanto para os alunos não perderem a sua parte
juvenil e socializarem.
Não sabia até estarmos a trabalhar todos
em conjunto, as horas que o Charlie, realmente, passa no laboratório. Ele tem
outras actividades, adora desporto, está sempre disponível a ajudar, mas de
facto não passo muito tempo em casa, para além das refeições e sempre que há um
convívio, previamente, planeado.
Aos pouco apercebi-me que para eles
estar no laboratório é trabalho e passatempo em simultâneo e isso eu
compreendo, é exactamente o que sinto, eles amam tecno e as suas invenções, tal
como eu amo costura e as minhas criações.
No final da reunião Richard puxou por mim
indicando-me o labirinto do jardim. Enquanto percorríamos os seus corredores
falava com tamanha paixão sobre a infanta Rebecca, sobre como adorava dar forma
e vida aos jardins de então. Criava-os como presentes, dizia ele. Ao vê-lo
entre arbustos chamando por mim, chamando-me minha Princesa, podia jurar que
ouvira outra voz, que estivera aqui noutro momento, noutra época, mas não com
ele…
“(…) Verdura por todo
o lado, deixando sobressair flores lindíssimas, de várias cores. O sol mantinha
os nossos corpos quentes. As roupas eram leves e delicadas.
Anastacia:
Oh, Mikhael está maravilhoso!
Mikhael:
É o presente de Rebecca para vós, minha doce Anastacia! (…) Agora o meu
presente… - E com um toque de magia fez aparecer esta linda tiara de flores.
(…) Muitos parabéns, minha princesa. (…)”
Não sabia se eram memórias ou desejos,
porém, a cada conto ocorriam-me estas pequenas imagens, sons, até cheiros, que
por vezes pareciam repetir-se em fracções de segundo. Não era doloroso
fisicamente, no entanto sentia-me lá, eu, Rose, sendo chamada por outro nome,
era estranho, mas não era doloroso. Quando mais desvendava, mais ansiava por um
momento perto de Mikhael. Por uma oportunidade de o conhecer, de o ver…
Joan: Onde se meteram? O trabalho por
hoje está feito! Vamos indo?!
Richard sorriu docemente para Joan e
assentiu.
Richard: Até amanhã meninas. – Deu uma
corrida até ao Charlie que se encontrava junto do professor Samuel e da Sofie.
– Têm todas as medidas?
Prof. Samuel: Vejo que decidiste seguir
o meu concelho. – Olhou sorridente para o Charlie. – Ainda vão ser família.
Charlie: O quê? O Richard e a Rose. Não
professor! Ele tem os seus olhos e o seu coração entregues a outra pessoa!
Prof. Samuel: A quem? Vocês estão sempre
enviados no laboratório, nunca conhecem raparigas, desculpa Sofie. – Disse um
pouco embaraçado. – Quero dizer outras raparigas, sair para se divertirem!
Sofie: Eu percebi, professor. – Sorriu
em simpatia. Percebera a intenção do professor e percebera também que Richard
estava apaixonado pela Joan. Viu o brilho no seu rosto ao olhar para ela.
Richard era envergonhado, tal como a
Sofie. Muito era o tempo que passavam juntos no laboratório e Sofie admirava-o,
nunca dissera nada, pois, também, sabia quem era o seu admirador secreto, um
dos seus melhores amigos e o medo de perder ambas amizades, fazia-a fechar-se
em copas no que toca a sentimentos. Pensava eu!
O carinho de Richard para com a Joan
vinha de outros tempos, o facto de a Joan nunca ter pronunciado nada a
respeito, faz-me crer que ele nunca se declarou. Ela era A Grande Bruxa Branca,
decerto não lhe faltava pretendentes, mas nunca referiu outra família a não ser
Mikhael e os Guardiães, nem um amor. Joan está apaixonada por Richard também, o
jeito como fica perto dele e como o olha, dizem-no, contudo, ela não fala sobre
ele. Em verdade não fala dessa época, a menos que, por algum motivo, as circunstâncias
a obriguem.
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