Diversão no Bowling (T1 Ep.19-2)


A timidez entre ambos era notória. Nem a Joan, nem o Richard abriram a boca, por iniciativa, durante a viagem. Apesar das minhas tentativas subtis para criar assunto, ficavam à espera um do outro a ver quem respondia primeiro.
Quando chegamos ao parque o Richard fez um gesto um pouco impressionante, em dois sentidos. Saiu do carro e rapidamente se colocou na porta da Joan. Abrindo-a, estendeu-lhe a mão para ajuda-la a sair, como um perfeito cavalheiro. Algo mudara… O que, realmente, me surpreendeu foi o facto de ter sido um pouco rápido demais a chegar ao outro lado. Estava escuro e não tinha ninguém a olhar que pudesse testemunhar o que vira, mas eu vi… Num piscar de olhos ele deslocou-se de um lado para o outro. “Será que tem a mesma habilidade que Mikhael. Não, não pode ser! Pensara ser ele o sexto Guardião!? Poderia ser esse o motivo pelo qual a atitude de Joan muda diante dele! Mas porquê não diria nada?!”
A cada ponto justificava com novas razões a separação entre Joan e Richard. Se pensasse em demasiado no assunto acabaria por me desviar do objectivo, mas era inevitável, parecia haver, sempre, algo novo por descobrir quando a Joan está envolvida.

Enquanto Miguel acabava de estacionar e o Charlie de retirar a chave da ignição, saí, fechei a porta e fiquei junto a eles, à espera dos restantes, sem comentar nada. Apesar da escassez de palavras, ambos pareciam mais descontraídos.
Richard é tão educado, parece ser um rapaz querido e ele sabe quem nós somos, claramente! A Joan, recuperou as suas memórias, das vidas passadas – não compreendo esta parte, não sei o quanto se recorda, mas, definitivamente, ela recorda-se dele - qualquer outra rapariga que fosse cortejada por Richard estaria rendida aos seus encantos, mas a Joan não cede.
Há, no entanto, uma coisa que não deixo de notar, a sua postura é rígida como a de Mikhael, o que me levava a pensar que, provavelmente, eles foram criados juntos e, portanto, conhece-la desde que eram pequenos! O que quer que esteja entre eles, qualquer que seja o segredo que os mantem afastados, acredito que o tempo quebrara esta barreira.
Todos juntos seguimos para o pavilhão de Bowling. Depois de cada um ter recolhido o seu par de sapatos próprio para o jogo, posicionamo-nos na nossa pista e enquanto os rapazes foram buscar bebidas para todos, nós planeámos a nossa estratégia. Temos um elemento a mais, porém sabemos o quão bons são os rapazes neste jogo. As nossas hipóteses são remotas, mas não lhes vamos facilitar a vitória.
Foi uma noite maravilhosa passada entre alegria, amigos e romance. A Dianne e o Mario não escondem mais o seu namoro, ela falou com a Sofie e percebeu que nunca se passara nada romântico entre eles. Charlie mantinha a cumplicidade com Sofie. Joan e Richard, ainda que com algum embaraço, já permaneciam mais perto um do outro, houve algumas trocas de olhares mais apaixonados e com a conquista da vitória pelos rapazes, a Joan não evitou dar-lhe um abraço de felicitações, Richard ficou admirado, esboçou um sorriso tímido de satisfação, mas não se desfez da sua postura rígida. Acho que no meio da euforia a Joan deixou-se levar.
Os rapazes ganharam, é verdade! No entanto não ficamos tristes, pois a nossa competição fica pelo jogo. Entreguei um voucher a cada um deles, ao qual responderam com uma dança esquisita de vitória, mas foi um momento muito engraçado de ver. Amanhã celebramos todos juntos, hoje eles merecem sentir o sabor da sua vitória. Eram apenas quatro contra cinco e ainda assim tiveram mais pontos. O Richard dominou o jogo por completo com os seus strikes. O que me pôs a pensar “será que o tempo os torna mais fortes?!”
O serão estava a chegar ao fim, todavia deu para descontrair, por assim dizer. Tentei, porém, com o pensamento cheio, não é fácil. Pondo os meus problemas e anseios de parte, não consigo deixar de ficar preocupada com o Charlie, não sei como lhe contar o que descobri. Pelo outro lado está a Sofie, como conhecera aquele rapaz?! Encontrasse com ele às escondidas, pois a sua mãe nunca permitiria tal. Pelas suas palavras “a distrairia dos estudos e dos objectivos a que se propôs”. Ela deve estar a precisar de desabafar, porque não nos disse nada?!
Com os sapatos entregues seguimos para o parque. Agora os nossos caminhos seriam diferentes e por tal as meninas e eu iríamos com o Charlie. Na despedida Richard deu um beijo na bochecha a Joan. A timidez dele era amorosa, tanto quanto o rosado nas faces dela. E com um “até amanhã” cada um entrou num carro diferente. Estaria diante do nosso olhar um novo começo à sua história de amor?!

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