Registando todos os meus sentimentos (T1 Ep.17-9)

Sábado, 11 de Janeiro
Todo este processo estava a afectar-me mais do que alguma vez podia imaginar. Eu queria fazer algo pequeno, ir devagar, evoluindo degrau a degrau. – “A Joan e as suas ideias, criando altas expectativas, e, como se tornou num hábito, espera que eu faça todo o trabalho!” - Nesta altura eu não sabia o quanto injusta estava a ser, mas tudo o que sentia trazia-me à ideia a culpa da Joan nas suas últimas atitudes para comigo.
O meu mundo parecia estar a desabar, tudo estava a dar errado. Quando a mãe falou das reuniões eu pensei que estaríamos à procura de patrocinadores para o desfile e não de investidores para o retracto maior. Ainda havia muitos pontos no projecto a serem estudados, não queria avançar sem ter tudo planeado ao pormenor. Sempre tive esta característica, de pensar em demasiado sobre os assuntos, desde que me lembro. Embora seja bom pensar bem antes de agir, pensar em demasia pode esmagar-te. Começas a ponderar tudo o que ouviste e esqueceste de todo o trabalho que tiveste para apoiar as tuas decisões. E quando o coração dói tudo fica sob um nevoeiro que não consegues abanar. Entras numa espiral de sentimentos que te puxa para baixo quanto mais pensas no assunto… Estava a sentir-me um pouco deprimida e não conseguia ver a luz ao fim do túnel.

As meninas têm estado tão ocupadas que não tive a hipótese de desabafar. Durante a semana, depois das aulas, passava nos ensaios das FairyTailors, apenas por alguns minutos, tinha de aproveitar todo o tempo livre para trabalhar na coleção de São Valentim. Agora mais do que nunca sabia que iriamos precisar de um bom resultado na bancada do fim-de-semana dos namorados.
Hoje a Monic vem ajudar com o corte e costura. Foi, realmente, uma boa surpresa descobrir um novo dom seu. Enquanto esperava a sua chegada aproveitei para escrever um pouco. Esta é uma outra forma que me ajuda a desabafar. À medida que escrevo os meus sentimentos, ajuda no processo de me entender melhor, de entender o que se está passando à minha volta. É como se uma nova perspectiva se apresentasse, sendo esta a mesma que está dentro de mim.
Contudo, o dia de hoje não será apenas trabalho. A Dianne, a Joan e a Sofie estão encarregues da decoração e hoje já vão procurar algum material, baseando-se nos conceitos “Sunset Party” e “Red Carpet”. E eu e a Monic temos uma investigação em mãos. Como lhe prometera, vou ajudar-lhe a procurar o seu amor secreto, embora não admita, eu sei que está apaixonada.
Estar envolvida por todo este ambiente de trabalho libertava-me da dor no peito, não esquecera, mas já não era tão pesada. Com a companhia da Monic os nossos assuntos raramente eram acerca de rapazes, embora desta vez tenhamos ido por esse ramo. Contudo, eu sentia-me aliviada e feliz por ela. Descobrimos uma competição aquática a realizar-se em Maio, na nossa praia de eleição. Já estávamos a fazer planos para a época. É no areal perto do KoffyBreak, por isso pensamos passar a manhã “assistindo” a competição – será mais, procurando o rapaz mistério – e depois almoçarmos no KoffyBreak.
Apesar de compreender que estava ferida, não puxou o assunto uma única vez. A Monic tem esta subtileza de te compreender, arriscaria dizer, melhor do que nós próprios, por vezes. E nunca é desagradável. A sua presença traz consigo uma serenidade e uma segurança que acalma o espirito. Somos todas grandes amigas e todas nós reconhecemos que temos os nossos segredos mais profundos, mas não creio que haja um que a Monic não saiba. Apesar de não falar ela sabe… Ela compreende…

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