Desvanecendo (T1 Ep.17-7)
Segunda-feira, 6 de Janeiro
Estou aqui, sentada, olhando o estojo
arrumado, o caderno por fechar, apenas esperando o sinal da campainha. Tentando
acalmar os meus pensamentos. Parece que tenho borboletas no estômago. A
ansiedade e o nervosismo eram constantes, queria deixar esta história para
trás, mas não conseguia. Não é de mim ficar sem respostas! Mesmo que sejam o
que eu não quero ouvir, irei respeitar as suas vontades, mas ficar sem saber é
o pior.
Joan: Está tudo bem? Pareces um pouco
pálida.
Rose: Sim, está tudo bem. Só preciso de
ir ao quarto de banho.
Joan: Outra vez?!
Com o sinal da campainha, sai, quase que
voando da sala.
Joan: Eu vou contigo!
Rose: Não é preciso, eu encontro-vos na
biblioteca.
Segundo intervalo da manhã, o último
antes da hora de almoço. Não lhe queria admitir, porque não queria admitir para
mim mesma. Ia o mais rápido que podia, para passar na sala dos professores,
antes de começarem a chegar… Eu estava procurando por ele.
Quando lá cheguei a sala parecia vazia.
Entrei no quarto de banho e passei um pouco de água pelo pescoço, perecia que
estava prestes a implodir. Todo o meu corpo tremia. – “Entro e pergunto pelo
professor? Não, é melhor não! Vai parecer estranho. Espero um pouco mais à
porta! Mas eu nem sei quem ele é, como o vou reconhecer…” – Estas eram algumas
das minhas dúvidas e ansiedades do momento. Queria tanto o ver e ao mesmo tempo
não queria, estava em conflito, provavelmente por recear palavras duras que me
fizessem ver a realidade que a sua ausência já demonstrava.
Regressei ao corredor e esperei um pouco
mais. Vi alguns professores que reconheci, mas não a ele. Nenhum destes rostos
me era estranho. – “Se calhar não veio hoje!” – Com isto em mente subi até à
biblioteca para me encontrar com as meninas, devagar e pensativa, na esperança
de ainda o ver, de o reconhecer apenas pela sua presença. Sentia que saberia
quem ele era…
A hora de almoço chegou e quando íamos a
caminho do refeitório o meu telemóvel tocou. Era o Charlie pedindo para ir até
ao laboratório. – “Já teria uma resposta? No laboratório! Pois é, Mikhael deve
estar no laboratório!” – Por vezes estamos tão focados em algo que não vemos
outras respostas possíveis à nossa questão. – “Como não pensei nisto antes?”
Quando chegamos ao laboratório os meus
olhos brilhavam, ainda estava nervosa, mas um pequeno sorriso escapava,
finalmente iria conhecer Mikhael. Bem, não era a primeira vez, embora para mim,
neste momento, assim o fosse.
Rose: Charlie! Podemos? – Uau… Nunca tinha
estado aqui e devo dizer, é um mundo.
Charlie: Olá meninas. Entrem. Têm de ter
alguns cuidados aqui dentro, está bem? Sofie, deste-lhes algum briefing?
Sofie: Não Charlie. Pensei que
ficaríamos pela entrada.
Charlie: Ok, não faz mal. Preciso que
venham comigo até à arena. Mantenham-se sempre entre as bandas sinalizadas no
chão. Nunca, nunca passem para os compartimentos, ok.
Todas: Ok!
Charlie: Aqui dentro têm de andar com os
distintivos, pedem aqui na entrada. Basta darem o meu nome…
Rose: Não pode ser o da Sofie? –
Perguntei enquanto colocávamos os distintivos.
Charlie: Não, tem de ser de um sénior.
Bem, vamos indo. Já vos explico o resto.
Seguimos o Charlie até à arena das
apresentações, enquanto nos indicava as regras principais do laboratório. Estava
a ouvi-lo mas ao mesmo tempo ansiava por saber a razão de estarmos aqui e outra
parte de mim ansiava por o ver.
Charlie: Professor, estas são as
meninas. A minha irmã Rose, a Joan, a Monic e a Dianne…
Prof. Samuel: E a nossa pequena Sofie.
Sofie: Bom dia Prof. Samuel.
O meu olhar vagueou pela sala, estava
confusa. Não era suposto falarmos com o responsável pelo laboratório?!
Rose, Joan, Monic e Dianne: Bom dia.
Prof. Samuel: Bom dia meninas. Então,
querem fazer uma apresentação holográfica? O Charlie aqui diz que são muito
trabalhadoras e responsáveis. A avaliar pela nossa pequena Sofie eu diria que
ele tem razão. O director do laboratório autorizou as gravações e encarregou-me
de acompanhar todo o processo. Se demonstrarem responsabilidade e profissionalismo
no nosso compromisso, como acredito que o farão é-vos autorizado a utilizar o
equipamento no desfile.
Rose: Muito obrigado professor.
Eram notícias maravilhosas. Agendamos as
sessões e viemos embora. Ao sair do laboratório as meninas ficaram em êxtase.
Eu estava contente, a sério que estava, contudo, o sentimento de desilusão
fazia-se sentir como uma espinha atravessada na garganta.
Rose: Obrigado, Charlie.
Charlie: Então, não ficaste contente?
Rose: Sim fiquei. A data do desfile está
a aproximar-se, tudo está a ficar tão real. É apenas nervoso miudinho… Huh,
Charlie?!
Charlie: Sim?
Rose: Porque não falou connosco o
professor Seth?
Charlie: Ele não está aqui! Mas de
qualquer maneira o professor Samuel é que ficou responsável pelo vosso projecto,
é ele que vos vai acompanhar.
Rose: Oh, ok! Mais uma vez, muito
obrigado Charlie. Até logo.
Quando perguntei por Mikhael notei que a
expressão da Joan mudou, por mais que se esforçasse para não o demonstrar. Ela
sabia porque ele não estava aqui. E continuava a manter segredos entre nós…
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