Ser eu mesma (T1 Ep.18-7)
Segunda-feira,
17 de Fevereiro
Hoje despertei com uma sensação de
leveza fantástica. Adormeci embrenhada nos meus pensamentos acerca da antiga
fábrica de brinquedos artesanais, sonhei com a sua remodelação, o espaço de
trabalho, o espaço de armazém, o espaço de lazer para pequenos momentos de
descontracção, o espaço de refeições, o estacionamento, o jardim… Tinha uma
ideia clara do que podíamos criar no local da fábrica, mas precisava transmiti-la
para o papel. E durante o pequeno-almoço assim o fiz, pequenos esboços que
retractavam o meu sonho.
Sentia-me positiva, capaz de alcançar o
impossível. Começar o dia com esta inspiração soube mesmo bem. Preparou-me para
o dia que me esperava, apesar de um pequeno contratempo…
Depois do pequeno-almoço encontrei-me
com a Joan no treino de voleibol e o que parecia uma manhã normal, assim que
pisamos a entrada secundária da escola transformou-se num movimento de elogios,
perguntas, parabenizações, pedidos de bilhetes para o desfile… Em nosso retorno
apareciam cada vez mais pessoas, todo o meu corpo tremia. Pelo meu pensamento –
“Toda a escola já sabe!” – De repente uma mensagem da Dianne.
De Dianne: Encontrem-nos na Biblioteca!
Joan: Mensagem da Dianne. Vamos até à
Biblioteca. – A Joan estava calma, sorrindo agradecia, dava indicações para a
página da marca, enquanto eu estava completamente congelada ao ver tanta gente,
o meu coração parecia que ia sair do peito, as palavras não saiam, a respiração
estava aceleradíssima e por mais que me visse a reagir o meu corpo não
respondia. – Anda, mexe-te! – Agarrou-me pelo braço e puxou-me, mas eu não me
conseguia mexer.
Richard: Eu ajudo! Está tudo bem Rose… –
Colocou o braço esquerdo nas minhas costas e a sua mão direita na minha mão
direita. – Um passo de cada vez. Estou mesmo aqui, não te deixo cair. – E com a
ajuda do Richard seguimos, então, para a Biblioteca da escola.
Dianne: Estás bem Rose? O que aconteceu?
Richard: Excesso de ansiedade! Acredito
que a Rose acabou de experienciar um ataque de pânico.
Monic: Estás bem?!
Rose: Sim, não sei o que me deu! Estava
a sentir-me tão bem, de repente vi tanta gente à nossa volta, fiquei com medo
de sufocar… Não consegui controlar o meu corpo, foi horrível.
Richard: Vou ao bar buscar-te uma
garrafa de água. Já volto.
Rose: Obrigado Richard!
Joan: Sabes o que se está a passar
Dianne? Estavam a pedir-nos bilhetes para o desfile!
Dianne: Há pouco falei com a responsável
da bilheteira e, então, mandei-vos mensagem. Esta manhã os bilhetes esgotaram!
Joan: Os nove mil e quinhentos?!
Dianne: Sim! Disse-me que quando chegou
ao posto tinha uma fila que percorria todo o quarteirão. Não há mais bilhetes
disponíveis!
Rose: Mas… Nem lançamos a campanha. O
que aconteceu?
Dianne: Ontem quando passei por lá
estava uma pequena fila, no Sábado tinha sido o dia com maior vendas. Hoje quando
chegamos, aqui à escola, alguns alunos vieram ter connosco, queriam saber sobre
o concerto, sobre o casting para desfilar, onde podiam dar o nome, se tínhamos
bilhetes para oferecer, uma série de questões. Disse-lhes que os bilhetes para
venda estavam disponíveis apenas na bilheteira do Palácio, para ofertas e mais
informações o melhor sítio era o site da marca. Viemos até aqui por estar mais
calmo e entretanto ligou a responsável da bilheteira…
Joan: As várias mensagens que tenho
enviado, os cartazes pela cidade, a distribuição de panfletos no KoffyBreak, a
divulgação durante o fim-de-semana, mais os concursos para os bilhetes, tudo
combinado despoletou o interesse geral. É motivo para celebrar meninas. Rose?!
Rose: Eu estou contente, a sério que sim,
mas ainda estou a tremer… Eu, eu, pensei…
Monic: Nós sabemos, não precisas dizer.
Rose: Havia tantas pessoas…
Joan: Eu disse-te que precisávamos de um
sítio maior que o ginásio para o desfile. Ontem à noite ainda tive tempo para
responder a algumas mensagens, indiquei a campanha do KoffyBreak e do Azeite
Bonnet para ganharem bilhetes duplos, mas, sinceramente, não estava à espera
desta recepção tão calorosa.
Rose: Como consegues estar tão calma,
não tiveste medo?
Joan: Medo? Não sua tonta. Eu sou como
me apresento, as pessoas gostam ou não. Se gostarem fico contente, porém se não
gostarem não tenho porque ficar triste ou com medo.
Um longo caminho percorri desde o tempo
dos discursos que me apavoravam até sentir alguma confiança perante a turma
toda, no entanto, eu não possuía a confiança da Joan, ela estava tão feliz com
atenção e o carinho que recebemos ao chegar à escola, tão certa de si! E talvez
seja esse o meu problema, sempre me senti um pouco perdida, sem orientação,
apenas no meu pequeno mundo de corte e costura encontrava a minha verdadeira
paixão, uma parte que reconhecia ser eu mesma.
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