Rose & Mystey (T1 Ep.18-5)

A manhã passou entre sorrisos e sonhos. Ainda que tentasse o meu coração nunca o deixaria ir. Por mais doloroso que tenha sido, eu tentei… Mikhael era parte do meu ser, não havia distância que nos separasse, não havia dor que apagasse a sua memória. “Cravara a sua marca em mim, com um simples olhar, com um simples sorriso.”

Apesar da distância física entre nós, ele estava ali, tão perto. No meu coração sabia que Mikhael estaria comigo a cada passo, observando-me, como um anjo da guarda. E para mim isso é o suficiente… Por agora.

Joan: Hey! Já cheguei, podes ir almoçar.

Rose: Ok. Vou comer aqui fora no jardim. É rápido, já venho.

Joan: Estás à vontade. Tens tempo.

Enquanto retirava a lancheira para ir almoçar aproximou-se da nossa bancada a Sara, toda sorridente.

Sara: Olá, meninas!

Joan e Rose: Olá Sara.

Sara: Já tenho o bilhete para o desfile, mal posso esperar para ver o espectáculo! Acho que nunca vi hologramas.

Troquei um olhar com a Joan, ambas ficamos perdidas. Nos cartazes de divulgação não o referimos, queríamos manter a expectativa do surpreendente.

Joan: Como sabes que vai haver hologramas?

Sara: Oh! Era surpresa? O Pedro falou-me do trabalho que têm desenvolvido no laboratório. Não comentei com mais ninguém, juro.

Rose: Não há problema. Até nós, que trabalhamos para a marca, estamos desejosas para o ver.

Sara: Aqui entre nós, quem é o artista por detrás destas criações incríveis?

Rose: Pelo que sei é alguém tal como nós…

Joan: …Pois, tal como qualquer um de nós, mas mais privado!

Sara: Hã… Vocês ficaram estranhas. – Franziu o sobreolho, observando, esperando a nossa próxima reacção.

Joan: Nup. Então, já tens uma recordação para o Pedro, deste fim-de-semana? Temos algumas escolhas…

Sara: Ainda têm os corações com as mensagens da sorte? Achei a ideia apaixonante, enviar a mensagem sem saber o que está escrito, apenas que “O Amor é o nosso Destino”, quão romântico… Vêem!? É disto que estou a falar! Quem tem estas ideias?!

Encolhi os ombros adiantando resposta ao seu pedido sobre os corações. O seu entusiasmo era cativante e gratificante. A sua alegria ao ver as nossas criações, admirando-as transmitia-nos uma sensação extraordinária.

Rose: Temos sim! Qual a combinação de cores que preferes?

Sara: Preto e Branco, se faz favor! – Estendi-lhe o vaso para que pudesse retirar o seu preferido. - Obrigado!

Rose: Obrigado nós.

Joan: O que foi isto?

Rose: Não sei! Foi esquisito, mas interessante.

Joan: Como assim?

Rose: Conheces a Sara. Passa muito tempo calada, observando, mas quando fala, fala mesmo. E se ela não sabe quem é “o artista”, significa que um dos nossos objectivos está alcançado.

Joan: De certeza que não queres receber os créditos do teu trabalho, pessoalmente?

Rose: Fico satisfeita em puder desenhar e criar as minhas peças, a minha gratificação é o sorriso em cada pessoa que usa e adora o que faço.

Joan: Não é mau ser popular sabes?!

Rose: Mas eu não o quero ser! Deixo essa parte contigo e com a Dianne. Vocês sabem lidar com a pressão, eu não. Gosto de estar no meu canto… Embora…

Joan: Sim?

Rose: Adorei quando desfilei convosco por este pavilhão… Como Mystery!

A Joan sorriu compreendendo o meu fascínio. Sempre adorei tudo relacionado com moda, espectáculos, desde o planeamento à realização. Para mim, tudo isto é um mundo, onde os limites são barreiras destruídas coleção após coleção, pela criatividade e pela inovação. Há sempre algo a descobrir, há sempre algo para fazer, renovar ou melhorar. E na verdade, é nos bastidores que faço a maior parte do trabalho, mas existe também esta parte em mim, desde que coloquei aquela máscara, que anseia pelo palco, por desfilar junto das meninas.

Joan: Vai lá almoçar, sem pressas. Ok?

Rose: Ok! Até já.