Seguindo em frente (T1 Ep.18-6)
Domingo,
16 de Fevereiro
Último dia da Feira de São Valentim. Chegou
a hora de fechar os portões, caixa e inventário. Apesar do trabalho na banca ter
finalizado a meio da tarde ainda havia todo o cenário a ser desmontado, pois
amanhã regressávamos à rotina de aulas.
Depois das limpezas feitas eu e as
meninas seguimos para casa. Tínhamos de fazer contas e um balanço do que já
estava concluído até agora.
Reunimo-nos no quarto de costura, estávamos
exaustas, a precisar de um duche e de descanso, porém o nosso foco estava no
desfile e era importante estarmos todas sincronizadas em cada ponto de
situação.
Dianne: Não esgotaram o stock, mas o
resultado foi muito bom. Passei esta manhã na bilheteira do Palácio e ontem
registaram um pico de vendas. Sofie!
Sofie: Com os valores dados pela Dianne
desta manhã e com os que a Joan já me dera as despesas estão totalmente
cobertas. Poupamos um valor considerável com a cedência do material do laboratório
e com o empréstimo das decorações do KoffyBreak.
Dianne: Rose, temos o suficiente para
investir no próximo passo! E com a aderência ao desfile acho que temos de
inicia-lo o quanto antes. Produzir apenas por encomenda, não creio que será o
suficiente.
Rose: Já tinha isso em mente. Temos de
rever todas as etapas, mas esta semana começo já na pesquisa dos espaços
disponíveis. Assim que a minha mãe tiver a documentação começamos a
recrutar.
Joan: Talvez possa ajudar com o espaço!
A velha fábrica de brinquedo artesanais, perto dos armazéns?!
Monic: Conheço o lugar. Está um pouco
velho e a precisar de obras, mas a minha mãe tem algumas fotos antigas do
espaço, vi como era antes e era lindo!
Dianne: Pois era. Foi uma pena ter
encerrado.
Joan: O proprietário não vende, no
entanto acho que por um preço razoável nos aluga. Podemos tentar chegar a
acordo com as despesas de remodelação…
Rose: É da tua avó?! – Disse segurando o
sorriso.
Joan: É, sim. Mas acredita é o sítio
perfeito. Limpando a parte de vegetação selvagem para criar um jardim e fazendo
a remodelação necessário, ficará a nossa pequena fábrica de sonho.
Rose: Perto dos velhos armazéns?! Eu
conheço esse espaço. Sim, acho que o podíamos tornar num bom local de trabalho.
Já estou a ter algumas ideias. Sofie, temos como cobrir uma remodelação,
material de apoio à produção, matéria-prima e os primeiros meses de salários?
Sofie: Bem, baseando os cálculos no teu
planeamento, a primeira fase do próximo passo fica assegurada se as vendas dos
bilhetes se mantiverem! Não estamos longe da meta pretendida. Eu falo com a
minha mãe e peço-lhe o contacto do empreiteiro responsável pelos hotéis. Podemos
ajudar na remodelação e poupar um pouco mais. Acredito que conseguimos, mas
depois do orçamento em mãos terei uma previsão mais consistente.
Joan: E quanto aos produtos da Coleção
São Valentim ainda em inventário?
Monic: Podemos colocá-los em stock para
o próximo ano.
Joan: Eu tenho uma ideia! Se estiverem
todas de acordo.
Rose: Conta!
Joan: Fazermos uma campanha de
solidariedade! Oferecemo-los nas próximas vendas da bilheteira juntamente com
uma rifa de doação.
Dianne: Queres aumentar o preço dos
bilhetes?
Joan: Não! A minha ideia é a seguinte. A
cada par de bilhetes vendidos em simultâneo levam um brinde. No brinde colocamos
uma rifa com a percentagem dos bilhetes que vamos doar e a que instituição.
Rose: E sei onde podemos fazer o
donativo!
Joan: Estás a pensar o mesmo que eu?
Rose: Acho que sim… À escola, para apoiar
as bolsas que oferecem! Estão de acordo?
Monic: Uau! Estou completamente de
acordo.
Dianne: Claro. A Associação de
Estudantes faz um trabalho incrível para ajudar a escola nesse departamento, acreditem
todo o apoio será bem-vindo.
Sofie: Claro que sim! Eu posso fazer uma
previsão de despesas e receitas a cada coleção para mantermos os donativos, tal
como querias Rose. Com o lançamento da fábrica ficaremos com um orçamento
apertado, mas assim que recuperarmos o investimento pomos o plano em acção.
Rose: Eu quero acrescentar algo ao nosso
plano em relação a esse ponto. A velha fábrica de brinquedos artesanais deu-me
uma ideia. Vou trabalhar nela e quando tiver boas bases partilho convosco, está
bem?
Joan: Claro. – Com o olhar que me deu vi
a Joan dos velhos tempos. Não precisava dizer muito para ela me compreender. A
sua expressão de estar cá e não estar ao mesmo tempo desaparecera. Durante todo
o fim-de-semana esteve focada no nosso trabalho. – Eu trato dos panfletos e dos
cartazes para a bilheteira.
Dianne: Quem diria que no secundário
estaríamos a criar o nosso próprio emprego e que tudo começara pela nossa
pequena Rose.
Rose: Na verdade, pela Joan. Se ela não
insistisse, provavelmente, se estivéssemos aqui seria por outros motivos.
Joan: Apenas te mostrei o que tu já
sabias, mas receavas. És talentosa e generosa, relembras-me a minha avó e como
ela tu tens uma força indomável dentro de ti, só tens de te libertar.
Sempre aprendi que quando damos também
recebemos. Connosco foi um pouco ao contrário. Apesar dos períodos conturbados
por que passamos, acabamos por receber mais do que prevíamos. A cada dia a adesão
e o carinho eram crescentes. A força e o apoio que cada pessoa nos transmitia a
cada encomenda, a cada elogio, a cada mensagem, a cada feedback, a cada sugestão,
fazia-nos querer continuar e retribuir.
E todas acordamos que estava na altura
de dar em retorno. Eu acredito na educação, na formação de capacidades, nas
possibilidades que apenas o estudo nos pode dar. Contudo, infelizmente nem
todos nós temos as mesmas oportunidades, por diversas razões, e independente
destas se podemos, devemos ajudar, não impondo, mas dando e criando
oportunidades. É o único caminho de todos juntos seguirmos em frente.

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