A Luz ao fim do Túnel (T1 Ep.17-12)


Às vezes vejo parte da mãe na Monic. Com as suas frases sábias, deixando o suficiente no ar para pensares sobre o assunto. Com as suas palavras, por vezes, um tanto ou quanto agressivas, desafiando-te a olhar para dentro, a ver mais do que os olhos alcançam. E este era um desses momentos, as suas palavras foram como um abrir de olhos, estava indo tão fundo na minha dor, que quanto mais a ocultava mais doía. Agora compreendia porque puxara o assunto, ao seu jeito “subtil”. Vira a espiral em que me deixara envolver e sabia que precisava de me puxar antes que fosse tarde de mais. Aceitar a dor não é um caminho fácil, porém precisava de o fazer para conseguir seguir em frente.
Por momentos o silêncio fez-se ouvir, a Monic fizera a sua parte e deixara-me processar o que estava a sentir. À medida que a hora avançava e o trabalho se desenvolvia irrompíamo-lo com questões sobre o material, sobre os pontos e sobre as meninas. Depois do almoço estaríamos todas juntas e até lá queríamos deixar esta parte toda pronta.

Sentia-me muito melhor. Falar com a Monic ajudara a aliviar o peso no peito. Agora sorria com algumas das suas graças e estava a sorrir por vontade, o enevoado que sentira sobre os meus pensamentos desvanecera… Mikhael estava presente e a sua distante lembrança continuava a doer, mas não mais de uma forma consumidora. Até o sofrimento de não ter tido a oportunidade de o conhecer parecia estar a ir embora, apenas a tristeza da sua vaga recordação remanescia.
Durante o almoço, tanto a Joan como a Dianne, mandaram mensagem a indicar que têm novidades. Tinha esperança de que fossem boas notícias, estava a precisar. – “Talvez encontraram um espaço novo! Finalmente a Joan percebeu.”
A Joan chegou com o que poderiam ser boas notícias, de facto, se não fosse o caso de ter pedido ajuda à Avó. Pedir ajuda é importante e eu sei disso, mas não de uma forma de “facilitismo”, ela sabe que não gosto disso e mesmo assim fê-lo.
Joan: Eu não te vou deixar fazer isto. Podes culpar-me, podes odiar-me, mas não te vou deixar fazer com que meses de trabalho tenham sido em vão. Agora engole o orgulho e aceita o patrocínio!
Rose: Tão típico de ti… Pensas que é por orgulho?! Eu sei como separar as coisas.
Joan: Não acho que saibas…
Rose: Sim eu sei, mas não posso aceitar um cheque por favor. Temos de ser responsáveis e ter a noção da realidade das nossas possibilidades. Não vejo como a tua avó possa beneficiar ao, simplesmente, dar-nos dinheiro.
Joan: É ai que estás enganada! O dinheiro não é da minha avó pessoalmente é da empresa. Já preenchi a candidatura no início de Janeiro. E finalmente tivemos uma resposta e é positiva, qual é o problema?
Rose: Oh! Porque não disseste nada?
Joan: Bem, queria fazer uma surpresa… Eu sei como te sentes em relação ao desapontar-nos. Senti o mesmo e não queria criar mais uma espectativa. Trabalhas mais do que qualquer uma de nós e mesmo assim arranjavas um tempinho para nos ir ver aos ensaios. Todas reconhecemos a pressão que estás sobre e decidimos ajudar com a procura de patrocínios, até procurei um novo espaço…
Sofie: Já chegamos!
Dianne: Olá meninas. Eu ouvi bem? Vamos fazer o desfile num novo espaço? Porquê? Logo agora que trago uma boa notícia.
Monic: Vieste em boa hora!
Dianne: Tambores por favor… O KoffyBreak vai-nos patrocinar o “After Party” e tem material de decoração que disponibiliza para o desfile. Contas feitas temos um quarto da despesa coberta. Como vamos no inventário da nova Coleção?
Monic: Temos o suficiente para um terço.
Sofie: Tudo junto… - Fez o seu gesto típico de estar a usar a calculadora mental e continuou. - Ficamos acima de metade do valor. Se o meu raciocínio não me falha, a somar com o que vocês já tinham, fica a faltar cerca de um quinto do total.
Joan: Com o cheque e o material do Azeite “Bonnet” ficamos com o valor completo. O que dizes Rose?
Rose: Obrigado a todas!
Fiquei sem palavras. Lágrimas de alegria caiam-me pelo rosto. Após meses de incerteza, finalmente as coisas começavam a compor-se. Pelo menos no que toca ao projecto. A maior parte do trabalho estava feito, na segunda-feira iriamos à Câmara Municipal reservar o espaço para darmos início à montagem dos preparativos finais.
Estava tão feliz, como não me sentira há muito tempo. Sugeri às meninas que todos os postais que fizemos fossem de oferta com as compras, sem hesitar todas concordaram. Passamos o resto da tarde e o dia de Domingo criando postais de São Valentim, envolvidas pela ansiedade de o amanhã chegar.

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