Tradições (T1 Ep.15-14)

De volta ao Palácio. Finalmente encontrei a Joan…
Rose: Então Joan! Onde foste?
Joan: Huh… Ao quarto de banho!?
Rose: Queria que me mostrasses o espaço de que falavas! Como te disse não me lembro de um lago aqui. E como vês o jardim é grande, mas não assim tão grande, tens a fonte e para lá está selado, como está sempre.
Joan: Esta zona é restrita para eventos. Anda, já vais ver.
Rose: Joan é melhor não!
Joan: Anda lá.
Olhei em redor e cedi à vontade de Joan. Por detrás dos vasos grandes que protegiam a passagem para lá da fonte estava um pouco escuro, mas a Joan sabia o caminho na perfeição.
Quando chegamos junto do lago a iluminação, suavemente brilhante, tornavam-no num espaço encantado. A cada palavra da Joan o cenário ganhava vida. A sua descrição criava em mim o desejo de o ver realizar-se. O desfile teria de ser aqui!
Os minutos passaram a horas, era quase meia-noite! Regressamos ao Palácio. A distribuição dos copos de champanhe já se fazia. Ao jardim todos se dirigiam para ver o espectáculo. Com o soar das doze badaladas o fogo-de-artifício começou a iluminar o céu.


(Lua Nova) Quarta-feira, 1 de Janeiro
Primeiro dia do ano. Eu e as meninas temos a nossa pequena tradição para celebrar esta passagem.
Dianne: Todas trouxeram?
Sofie, Joan, Rose e Monic: Sim!
Dianne: Eu trouxe as chaves e a lanterna.
Sofie: Eu trouxe as ferramentas.
Joan: Eu trouxe a vela.
Monic: Eu trouxe o isqueiro.
Rose: Eu trouxe o selo.
Dianne: Vamos lá, meninas!
Há alguns anos, pela época da páscoa, andávamos a brincar pelos jardins do Palácio na apanha dos ovos, quando nos deparamos com um portão enorme, selado a cadeado, o que apenas nos despertou mais a curiosidade. O caminho que se abria do portão era curto e desaparecia dividindo-se em dois, mas não conseguíamos ver mais nada, a vegetação era densa e escondia o que quer que estivesse do outro lado. Procuramos uma forma de o atravessar. Escalar foi a única solução.
Olhamos umas para as outras, estávamos assustadas, mas a curiosidade falava mais alto. Fomos até ao fim do caminho e escolhemos a esquerda. Uma espécie de jardim botânico se apresentava, todas as plantas identificadas, tão diversas como as cores. Junto de cada árvore havia uma pequena saliência no chão em forma de círculo. De mais perto percebíamos que a tampa estava aparafusada ao chão e que no topo continha o símbolo da árvore que a abrigava.
Estávamos intrigadas com o que acabáramos de descobrir. Queríamos saber mais! Percorremos o jardim, haviam tantas… “O que seriam?!” Ao avistarmos a velha casa de madeira do jardim dirigimo-nos a ela. Estava vazia, pensávamos nós…
“Sr. Jardineiro: Hey!
Todas: AH! – Por detrás de nós surgiu um senhor com uma pá na mão… Assustou-nos de morte.
Sr. Jardineiro: Não deviam estar aqui!
Dianne: Desculpe senhor, não foi por mal. Nós perdemo-nos.
Sr. Jardineiro: Como atravessaram os portões?
Dianne: Uh… - Trocávamos olhares embaraçados. Sabendo que tínhamos invadido um castigo nos esperava decerto.
Sr. Jardineiro: Está bem, está bem. Já percebi. Venham comigo eu levo-vos à saída.
Todas: Obrigado.
Joan: Senhor?!
Sr. Jardineiro: Sim!
Joan: O que são aquelas pequenas caixas debaixo das árvores?
Sr. Jardineiro: São os segredos dos antigos reis… - Olhava a Joan como se a conhecesse. – Qual o teu nome criança?
Joan: Eu sou a Joan!
Dianne: É neta da Sra. Beatrice!
Sr. Jardineiro: Oh, percebo! Sabem, antigamente os patronos destas terras coleccionavam segredos dos anos passados e desejos para um novo ano. Juntos das suas plantas preferidas guardavam-nos em cápsulas.
Todas: Uau…
Dianne: Seria incrível se pudéssemos ter uma.
Sr. Jardineiro: Eu tenho uma cápsula vazia. Querem ver?
Todas: Sim!
Sr. Jardineiro: Aqui é a área das Iridáceas. Estas flores são muito especiais, durante as mudanças das estações e apesar das adversidades do tempo as suas folhas nunca perdem o verde da sua cor.
Joan: São lindas! Crocus Sativus a minha flor preferida!
Sr. Jardineiro: Então está decidido esta será a vossa cápsula…”
E desde então que aqui vimos após o som da última badalada, enquanto os demais se deslumbram com o espectáculo do fogo-de-artifício, cá vimos. A lanterna indica-nos o caminho. Enquanto a Dianne ilumina a cápsula, cada uma de nós retira um parafuso. Com a abertura da cápsula completa removemos o seu conteúdo. Lemos uma última vez os nossos desejos para o ano que se apresenta. Por um ano aqui ficaram guardados à espera que seja revelado o que conseguimos alcançar nos últimos doze meses.
Dianne: Rose?
Rose: Hum…
Dianne: Já leste?
Rose: Sim. Desculpem! Distraí-me.
A Joan com a ajuda da Monic acendeu a vela. E carta por carta foram sendo seladas com o símbolo da flor que guardaria os nossos segredos e os nossos desejos. Voltamos a fechar a cápsula e então a Dianne distribuir as cartas coloridas, que havíamos retirado, atribuindo a cada uma a sua cor correspondente.
Lemos e partilhamos. As minhas duas cartas não podiam ser mais diferentes. Como se duas pessoas tivessem-nas escrito. Todos os anos anteriores desejara pelo mesmo, escrevera sobre o mesmo, a escola, as meninas, acabar com a fome no mundo… Contudo este ano escrevi sobre alguém que não sabia quem era. Seria dele a quem Monic e Dianne se referiam?! Não! Não podia ser! Elas falaram sobre o professor Seth, a minha carta mencionara Mikhael…
Sofie: Rose, estás bem?
Rose: Sim. – Sorri, não queria estragar mais um momento. Senti a cabeça a latejar, mas iria ser forte e aguentar a dor sem me queixar.
Joan: Pensando nos novos desejos?
Monic: Conhecendo a Rose, os novos desejos são os velhos!
Rose: Sim é verdade, mas este ano tenho um desejo a mais.
Joan: Então?!
Rose: Termos sucesso na…
Monic: Não contes. Não podemos revelar.
Dianne: Temos de ir meninas! Por favor, não deixem nada para trás.
Na minha carta estavam desejos dos quais não me recordara escrever. A carta dizia-me para ler o meu diário.
Quando cheguei a casa fui direita ao quarto. Retirei o vestido, vesti o pijama e sentei-me na cama. Retirei o meu diário do compartimento secreto na minha almofada e abri-o.
“Quando te sentires perdida eu sou a resposta, lê-me! Ass: Rose, Katarina, Anastacia”
Rose: Eu escrevi isto!? Porquê?

Fim do 15º Episódio – Será toda a Verdade


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