A caminho do fim-de-semana (T1 Ep16-9)

Sexta-feira, 3 de Janeiro
Ao som do despertador acordei. As palavras escritas pela Joan ainda estavam presentes no meu pensamento. Não dormi muito, não me recordo, sequer, de sonhar. Estava preocupada com a ela. Depois de um pouco mais de reflexão as suas palavras pareciam agora como se a Joan estivesse zangada, como se estivesse na defensiva. E se assim o era, provavelmente, se sentiria ameaçada ou pressionada. Enquanto me arranjava dei comigo a pensar - “Talvez fosse por esse motivo que me retirasse as memórias… Uma ameaça!” - Uma vez mais procurava eu justificações para os seus actos sem me aperceber da frequência com que o fazia.
Com duas das malas da bagagem em mãos desci até à sala, pousei-as junto da poltrona e dirigi-me para a cozinha, para tomar o pequeno-almoço. Como prometera, a mãe já estava pronta para me levar.
Rose: Bom dia mãe. – Com um beijinho a cumprimentei.
D. Marya: Bom dia filha. Então, não dormiste bem? – Disse ao observar as minhas olheiras.
Rose: Não, não muito bem. Estou um pouco ansiosa, deve ter sido isso.
D. Marya: Vai correr tudo bem, vais ver. – Com um abraço e um beijo na testa reconfortava os meus anseios. – A mãe já está pronta. Tens mais alguma mala para levar?

Rose: Falta o porta-vestidos e a carteira dos acessórios. Já dou um salto lá a cima para os apanhar.
D. Marya: Toma o pequeno-almoço descansada, temos tempo. Eu vou colocando estas no carro.
Rose: Não estou com muita fome. – Peguei num iogurte líquido, abri para o beber, e numa maçã, que guardei no bolso enrolada em dois guardanapos. – Eu ajudo-a.
D. Marya: Vai lá a cima então e despede-te do Kat. Decerto vai estranhar a tua falta esta noite. Explica-lhe a tua ausência. Ao seu jeito ele compreende.
Acabei de beber o iogurte, coloquei-o no lixo e segui até ao quarto. O Kat estava sentado na minha cama. Deu a impressão de que sabia que não ia estar presente. Eu sei que são só dois dias, mas nunca estivemos separados tanto tempo. As lágrimas surgiram, acompanhando o aperto no peito.
Sentei-me na beira da cama, junto a ele e expliquei-lhe o porquê de me ir ausentar e porque não o podia levar comigo. Ainda não tem um ano de vida completo. Ele estaria mais seguro aqui. Com uma última festa e um beijo na sua cabecinha peluda me despedi dele. Eu queria muito o levar comigo, mas receava que se perdesse. Eu não suportava a ideia de o voltar a perder. Com isso em mente a imagem de quando o encontrei surgiu-me ao pensamento – “estava tão maltratado”.
Com um peso no coração desci as escadas com o que faltava da bagagem. O Kat seguiu-me até ao alpendre e sentou-se junto da porta da frente. Por detrás surgiu a mãe, fechando a porta de entrada.
Rose: Não feche sem o colocar lá dentro.
D. Marya: Ele entra pela sua portinhola.
Rose: Tenho medo que venha atrás de nós.
D. Marya: Não vem. Está descansada.
Entramos ambas para o carro, enquanto ele lá estava, apenas observando. Não consegui segurar as lágrimas ao ver a distância crescer entre nós. Foi tal como a mãe disse, ele não veio atrás do carro. Acho que ela tem razão, ele compreendeu, ao seu jeito.
Paramos junto do portão da Joan e nem um minuto depois de lhe enviar mensagem, a avisar que já estávamos cá em baixo, surgiu ela na esquina, apenas com uma mala em mão. Mais à frente estava o carro do pai da Sofie onde a Monic e a Dianne acabavam de guardar as suas malas. Dei uma pequena buzinadela em chamada da sua atenção e lá vieram elas todas sorridentes. Apanhando a Joan pelo caminho.
Dianne, Sofie, Monic e Joan: Bom dia.
D. Marya e Rose: Bom dia Meninas.
Rose: Então, estão prontas?
Dianne: Sim! Já temos tudo pronto. E vocês?
Rose: Também.
Dianne: Então vamos lá.
Pouco mais de uma hora de viagem e estávamos perante cenários repletos de natureza, com pequenas casas de madeira adornando a vista, completando os dons da mãe natureza, distanciadas por vastos campos verdes, ricos em plantações. Uma imagem linda. O ar parecia mais puro, entrava como uma brisa fresca nos pulmões. Estava completamente rendida aos encantos destes lugar.

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