A Caixa de Música (T1 Ep.16-5)

Continuei de olhos fechados até a melodia acabar. Queria dar traços à figura que se apresentava. Revia o momento, no meu pensamento, uma e outra vez, mas não o conseguia ver nitidamente.
Com o silêncio abri os olhos. Olhei para o relógio, a tarde estava quase no fim e não tinha feito nada do que planeara. Olhando a caixinha apercebi-me que era a mesma que a minha mãe guardara na gaveta. - “Esta é a caixinha que a Joan deixou aqui? Posso jurar que estava guardada!” - Rodei uma vez mais a sua manivela para voltar a escutar a melodia. Deixava-me tão serena… Ao seu som, da minha mente desapareciam as inquietações.
Com a última nota suspirei fundo e levantei-me da cama. Peguei no diário e dirigi-me à secretária. Nele descrevi todas as emoções que sentira com as descobertas que fizera. Ele é, sem dúvida, o meu amigo mais leal, o meu reflexo. Como ele, ser-lhe-ia fiel em todos os meus relatos. Só ele seria capaz de me mostrar a verdade quando todos os demais, que me rodeiam, estariam demasiado focados em não me magoar. Para mim esse argumento é meramente uma desculpa. Não há nada que valha uma amizade. Contudo, e apesar das minhas convicções a este respeito, eu precisava falar com a Joan. Tentá-lo-ia fazer de pensamento aberto, para entender os seus motivos, para tentar compreender porque faria isto.

A noite chegou demasiado rápido. Antes que o dia chegasse ao fim queria falar com o Charlie, precisava da sua experiência em informática para me aconselhar. As meninas estariam aqui amanhã e ainda não tinha os planos para lhes mostrar. Passei o dia de hoje envolvida pelo imaginário. Amanhã teria uma oportunidade para falar com a Joan, mas creio não ser o momento certo. Aqui não teríamos qualquer privacidade e… Tenho de pensar numa forma de me proteger, de proteger a minha mente. Algo de grave se passa. A Joan tem o dom da magia. Mikhael, Elizabeth, Francis… Três pessoas sobre as quais escrevi e não tenho quaisquer recordações suas. - “Há algo que não estou vendo. Eu sou tão normal quanto se pode ser. Não tenho magia… Será esse o motivo que a levou a fazer-me esquecê-los? Eu manteria o seu segredo. A Joan conhece-me, ela sabe disso! Porque brincaria ela com a minha mente?!”
Fechei o diário e guardei-o na gaveta da secretária. E então surgiu-me uma ideia. A Joan sabe que guardo o meu diário na minha almofada preferia. Sabe que nele confio os meus sonhos, desejos, propósitos. Receava que a confrontando ela viesse por ele. Por me ter mostrado o que ela tentou ocultar. Faria uma cópia e guardá-la-ia no escritório lá em baixo.
Deixando o meu quarto dirigi-me ao do Charlie.
Rose: Charlie! Posso?
Charlie: Entra Rose.
Rose: Preciso da tua ajuda.
Charlie: O que se passa?
Rose: Eu queria fazer um concerto visual das FairyTailors para que elas possam desfilar. Achas que é possível?
Charlie: Queres hologramas, é isso?!
Rose: Isso mesmo. Consegues ajudar-me?
Charlie: Bem, não é impossível. O laboratório tem equipamento para isso, mas é muito dispendioso, não sei se o alugariam. E é necessário ter em conta a disposição dos lugares, porque a holografia só transmite o efeito pretendido por certos ângulos.
Rose: Se conseguir alugar o material achas que consegues montar um espectáculo de… digamos quarenta minutos? Mais ou menos. E segmentado por fases?
Charlie: Deixa-me falar com o pessoal antes de te dar uma resposta concreta, está bem? Entretanto, traz-me os planos do que queres, que eu verei o que posso fazer.
Rose: Está bem Charlie! Obrigado.


Comentários

Mensagens populares