O que irá acontecer comigo? (T1 Ep.14-13)

Simona: …Mas primeiro deixa-me dar-te a minha prenda de natal. - Aproximou-se de mim, colocou ambas as mãos sobre a minha cabeça. – Oh, bem… Eu lembro-me disto. – Invadiu o meu sonho vendo e sentindo o que eu via e sentia. - Ahaha. Aqui vamos nós. Ele abandonou-te, viu-te em sofrimento e abandonou-te. Envergonhado com o seu acto fugiu como um cobarde. Ele abandonou-te…
Simona fora, no seu tempo, uma poderosa psíquica. Conseguia iludir multidões, tamanha era a sua capacidade, mas por ai ficava o seu poder, para seu infortúnio não conseguia mudar corações. Com o tempo aprendeu melhor…
Ela cresceu no castelo junto com a família real, era uma criança promissora, uma pretendente ao trono por casamento. O príncipe sempre teve a sua atenção. Ao completar os vinte anos começou ela a ter a atenção, não só do príncipe como dos rapazes da sua idade, tal era a sua beleza.
Ansiava pelo pedido oficial, que nunca veio. Estava, completamente, obcecada pelo príncipe. Nas suas palavras, ele era a sua única razão para viver, sem ele nada faria sentido. Contudo, as suas juras de amor não eram correspondidas e Simona sabia-o. Talvez influência da sua educação ao crescer, a constante presença de uma promessa, iludida, de união, mantinha a esperança de que ele um dia a visse como ela o via.

Um dia tudo mudou. Eram cada vez mais as ausências do príncipe aos compromissos que mantinha consigo e com a corte. Uma manhã segui-o e lá estava ele, vestido de camponês, nas apanhas, porém o que realmente a revoltara, foi o ciúme. Vira-o como nunca antes, encantado por esta simples rapariga, cheia de vida e mais jovem, de uma beleza sem igual, que ia muito além da vista. Simona dedicara os melhores anos da sua vida a um amor não correspondido e não aceitava ser trocada…
Simona: Bem, acho que o meu trabalho aqui está feito. Segunda etapa concluída, vamos esperar pela última. Ahahaha.
“Eu vi o oceano, vi a sua imagem nas nuvens. Senti a sua promessa que nunca fizera desvanecer… A relva por debaixo dos meus pés estava gelada, húmida. Eu vi cada palavra escrita, eu vi-me escrevê-las, senti cada lágrima a cada palavra. Implorei perdão a Elizabeth, supliquei por ajuda a Stella, ninguém veio. Apenas ela… Quem és tu que sempre chegas com a tua bondade matando-me a sede com uma simples chávena de chá? Eu já te vi antes. A minha cabeça está tão confusa. Quem é ele? Ele abandonou-me, viu-me arder e abandonou-me.”
Os meus sonhos saltavam de cenário em cenário. Senti cada flash como se o vivenciasse. Senti o veneno, de uma falsa bondade, percorrer-me as veias até ao meu pensamento. Em cada canto o sentia, mas ele não estava presente, ele não era real. Eu senti o fogo arder tão perto… Ele olhava-me sem mexer um dedo, deixou-me ali à merecer da morte. Ele nunca me amara, montou uma armadilha e eu deixei-me apanhar. Ele nunca me amara…
Com a décima segunda badalada do meio-dia despertei em sobressalto. Doía-me o peito, respirar era difícil. Precisava ver Mikhael, precisava da sua tranquilidade. Precisava sentir que ele não me abandonaria…
Eu senti a sua presença. Vivi as suas memórias. Eu senti-a! Senti a sua dor por nunca o encontrar, ele era parte dos seus sonhos e nada mais. De alguma forma, relacionei-me a esta ideia, eu sonhei com ele antes de o conhecer, sentia a sua presença sem ele existir no meu mundo. Tal como ela, sabia que era um sonho, mas como o poderia sentir assim, parte deste mundo? Parte de mim? Foi tão doloroso, o seu coração estava desfeito… Ela acreditara que ele a abandonara, que outrora o conhecera e ele a abandonara.
Eu ainda a sinto, ela ainda está aqui… Está em mim! Sinto a dor do seu abandono. Ele não me abandonaria… Se ele o fez, se ela ficar… Se ela tomar o meu lugar o que vai acontecer comigo?


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