Uma noite para relembrar (T1 Ep.14-11)
Richard:
Sabem o que significa, certo? Não se deixa uma dama à espera, principalmente
uma tão bonita como a princesa…
Rose:
O quê?! – Franzi o sobrolho. Claramente, algo me escapou. As palavras de
Richard foram como um punhal no meu coração, traziam ao de cima o meu maior
receio… Não ser eu quem ele deseje junto a si. – Não percebi?
Richard:
Desculpa era só uma brincadeira… - Acabara de ser salvo, interrompido, pela
porta que se abria atrás de nós.
Charlie:
Oh-oh! Já fizeram as honras? Estão debaixo do azevinho, tradição é tradição,
vamos lá… - Mikhael olhou para mim, vendo o meu ar de contrariada, pegou na
minha mão e beijou-a suavemente. - Este ano temos novas aquisições, mas não se
acanhem meninos, cantem ao som do espírito. E aí estão eles… - Disse apontando
para o carro que estacionava junto da entrada. - Richard, ajudas-me aqui.
Seth:
Cantar?
Rose:
Sim. - O seu ar inocente, o seu doce olhar devolviam-me a alegria que sentira
esta noite, apenas por ele estar presente. – Nunca fizestes isto? – “Pergunta
parva!”
Seth:
Não! Creio que seja uma tradição típica desta região.
Rose:
Com o grupo que reunimos, vamos cantando até a casa de cada um. Este ano
começamos por aqui. É a nossa forma de anunciar o nascimento do menino Jesus.
Em cada casa que paramos há a oferenda de comer e beber…
Seth:
Mas acabamos de jantar!?
Rose:
Acredita é divertido e… É provável que optem mais pela bebida do que pela
comida.
Charlie:
Estão prontos?
Rose:
Estás pronto para o desafio?
Seth:
Estou… Estou contigo! - Como agora desejava voltar o tempo atrás, voltar a
estar com ele debaixo daquele azevinho.
Começamos
então pela nossa casa. Vieram todos à porta ouvir os cânticos, mas não foi
preciso passar da primeira canção até a minha mãe convidar todos a entrar. Comemos,
bebemos, espalhamos um pouco mais de conversa e seguimos para a casa seguinte.
Numa noite percorremos, a pé, quase toda a freguesia. As horas passaram sem
darmos por elas.
Seth:
Uau, os amigos do teu irmão, são malucos. – Expressava um sorriso como o de uma
criança, o fascínio no seu olhar era cativante. – É quase de manhã e ainda
estão com esta disposição!? Incrível!
Rose:
Anda comigo…
Seth:
Para onde?
Rose:
Já vais ver, anda! – Dei-lhe a mão indicando-lhe o caminho até ao ringue.
Seth:
Podemos entrar?
Rose:
Sim, este é um espaço de todos… Quando era mais pequena, depois das aulas,
vinha ter com os meus irmãos aqui. Adorava vê-los correr sem sentido atrás de
uma bola… Eram tão felizes. Tenho imensas memórias deste espaço… A cada traço
neste chão uma história por ser contada. – Mikhael sorriu percebendo a minha
intenção. – Queres jogar?
Seth:
Sim!
Miguel:
Aqui estão vocês. Hey! Charlie… Pedro… Pessoal, venham cá!
Um
a um foram se juntando a nós no ringue e, até o sol estar completo no céu,
jogamos, rindo-nos com as quedas provocadas por um pouco de falta de
concentração.
Uma
noite de Natal que será para sempre lembrada. Uma feliz recordação que espero
poder aquecer-lhe o coração quando cá já não estivermos mais.
Seth:
Obrigado por hoje. – Disse ao chegarmos de regresso a casa.
Rose:
Divertiste-te?
Seth:
Imenso. – Agarrou-me nas duas mãos, juntando-as olhou para cima… - Estou a
adorar conhecer as tuas tradições. – Fechei os olhos, sorrindo baixei a cabeça.
- Sabes o que isto significa? – Gentilmente libertou-me as mãos, segurando o
meu rosto inclinou-se e suavemente beijou-me os lábios.
Comentários
Enviar um comentário