Um passo a trás dois à frente (T1 Ep.15-9)
Já no portão da minha entrada contemplando as luzes do interior todas apagadas, deixaram Mikhael seguir em frente comigo em braços. Tendo a certeza de que esta estava sem a presença de alma viva, abriram a porta com um toque de mágica.
Seth: Eu levo-a até ao quarto!
Francis: Joan! – Disse agarrando o braço de Joan, ao mesmo tempo que abanava a cabeça no sentido negativo, sugerindo que nos deixasse ir sozinhos.
Pousou-me delicadamente sobre a cama e aconchegou-me com a manta que se encontrava aos meus pés. Ouvindo o bater do meu coração, agora, leve e tranquilo, retirou do bolso do seu casaco uma caixa de pequenas dimensões. Pousou-a sobre a mesa-de-cabeceira…
Seth: Eu irei sempre te proteger. Tens todo um futuro à tua espera, preenche-o com amor e paixão, que nada temerás. - Com as suas doces palavras e um beijo na testa se despedira…
Por mais forte, rápido e sábio que fosse eu era a sua fraqueza e ele a minha. De coração pesado Mikhael cumpriria a sua palavra. Se para minha segurança teria de manter a distância, então assim o faria, por mais que lhe doesse a alma.
Desceu os degraus relembrando o som da minha voz, o carinho com que lhe falava, a ternura nos meus gestos, a alegria que transmitia por um sorriso ao vê-lo...
Seth: Encontraram alguma coisa?
Francis: Não, não há qualquer vestígio de magia aqui. Não compreendo… Eu vi uma sombra sobre a sua casa! A mesma sobra que invadia os pensamentos de Anna…
Seth: Disseste que tínhamos de encontrar a fonte do seu poder. A magia negra é consolidada com objectos negros, a porta para o submundo. Quando levas os objectos nenhum traço fica para trás. Não usam a natureza e a sua pureza, usam as energias das almas perdidas, subjugando-as à sua vontade.
Joan: Quem faria isto?
Seth: Alguém poderoso… Muito poderoso! – Algo estava errado, Mikhael não possuía a magia de outrora mas os seus instintos sempre foram apurados. Acreditava ter sentido a presença a que Francis se referia… E queria tirar a limpo a sua dúvida. - Francis, conduzes?
Francis: Sim, mas…
Seth: Leva a Infanta de volta à festa. Rebecca avisa a sua mãe que trouxeste Rose a casa com o motorista da Sra. Beatrice.
Joan: Está bem.
Seth: Eu fico de vigia até a D. Marya chegar.
Enquanto Joan e Francis desapareciam no horizonte Mikhael se escondia na sombra. Ele não podia estar perto, mas a distância não era fácil. Em mil anos não amara mais ninguém como a Anastacia e, embora, a semelhança fosse notória, havia tanto em nós que ele reconhecia como diferente. Ela era mais forte do que eu, tinha muito mais convicção nos seus actos, uma verdadeira líder. Eu não era assim, a mera ideia de ter que discursar deixava-me nervosa, ter de estar presente a uma sala cheia revirava-me o estômago.
Junto à janela do meu quarto Mikhael, com o seu olhar brilhante, observa-me como se me visse a alma, conhecia cada traço do meu rosto e do meu caracter e aceitava-me assim. A humildade e honestidade dos meus actos o conquistaram. Resistir à vontade de querer estar mais perto tornava-se insuportável. Desceu até ao jardim e andou em volta da casa lembrando cada momento aqui passado. No seu coração desejava que acordasse procurando por ele, mas a sua mente pedia-lhe proeza e cautela nos seus actos.
Vários eram os momentos em que passáramos horas à conversa. A partilha, a confiança transmitida em cada palavra era a de dois amigos. Embora, cada uma, fosse como a primeira vez que o conhecera, sentia-o perto do meu coração. Mikhael era cordial e generoso no seu trato e as suas histórias, as suas aventuras fizeram-me apaixonar por ele. Esquecê-lo era muito mais doloroso do que não o ter…
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