Um Destino (T1 Ep.15-5)

Joan: Isso não é possível. Rose não tem qualquer magia.
Seth: Por favor explica-te!
Francis: Ok! Vamos pelo princípio. Sabeis porque lhe foi dado o nome de Anastacia?
Seth: Ela era órfã, foi encontrada na estrada por camponeses e por eles criada. Eu não sei…
Francis: Anastacia e a irmã Leonor foram concebidas com um amor sem igual, de dois mundos tão diferente como o dia e a noite.
Joan: Ela tivera uma irmã?
Francis: Sim! A sua mãe morrera durante o parto, seu pai devastado ordenou que lhe permitissem carregar, pelo menos uma vez, as suas filhas. Então as parteiras, com o pesar nos seus corações pela perda de uma vida, limparam as meninas, seguraram-nas junto do corpo, já sem vida. Leonor e Anastacia embaladas sorriam de olhos fechados, estavam vendo anjos diziam elas… Com um único toque de Anastacia em sua mãe ela regressou à vida. Perante a sua força, os presentes se curvaram, acreditando que a salvadora havia nascido. Contudo, a natureza procura o equilíbrio. Anastacia tinha o dom da vida. Sua irmã, Leonor, por outro lado tinha o dom da morte, de dar o descanso eterno. Os aldeões não o viam como um dom, mas, sim, como uma ameaça. Temiam-na e onde fosse afugentavam-na. Com apenas cinco anos Anastacia defendia a sua irmã com tal coragem, amava-a e via nela a luz que a completara. Numa noite a sua casa fora invadida, o medo havia consumido o povo, mataram o seu pai e aquando da captura da sua mãe, esta gritou-lhes, suplicando que fugissem e que se mantivessem sempre unidas. Fugiram pelos ramos ocultos da floresta. Correram pelas suas vidas, com a promessa a sua mãe em mente. Ao chegarem junto do rio, tentaram atravessa-lo, mas a corrente era forte demais, Anastacia agarrou-se a uma rocha, gritando por Leonor. Esta arrastada pela corrente desapareceu da sua vista, mas ainda ouvindo os gritos pelo seu nome, Anastacia libertou-se, ela não podia deixar Leonor ir sozinha, o destino de uma, seria o destino das duas. O seu coração era puro. Mas assim não foi… Antes de conseguir alcançar a sua irmã perdeu os sentidos. Acordou toda lamacenta, sem memória, de quem era ou de onde viera. Levantou-se a tremer, cheia de frio, descalça, sem sentido de orientação começou a andar. Nada havia a sua frente a não ser caminhos desertos. Continuou a andar até lhe doerem os pés, de tão enxaguados que estavam. Dois dias passaram até ser encontrada. Estava moribunda, mas esta criança era forte, cheia de vida. A profecia que havia sido esquecida com o nascimento do príncipe, voltou às suas memórias.

Seth: Eu lembro-me. A Assembleia reuniu de emergência, o povo gritava que “dias negros nos aguardavam, tínhamos de proteger a luz da vida”. Eu era tão jovem, tu eras apenas uma criança… O nosso pai queria tranquilizar os corações do povo, então, todas as manhãs saíamos, numa parada, demonstrando a alegria na vida que nos era característica, que nada tinham a temer… O seu aparecimento fora a razão?!
Francis: Segundo os aldeões, com o seu nascimento acreditava-se que seria o Deus que curaria as terras da morte. Era tão dotado… Todos os dias treinava, aperfeiçoando o seu dom, pois quando o dia chegasse teria de estar preparado. Ainda em criança fez o seu reino crescer. Via todos por igual e a todos prestava respeito, mesmo aos menos merecedores e a profecia julgava-se cumprida. As areias do tempo tinham sido esquecidas, a morte não mais era uma ameaça. Quando alcançou a juventude, tornou-se imprudente. Segundo diziam a sua infância tinha-lhe sido roubada, com exigências e demandas das suas obrigações. Vossa majestade não era por quem esperavam, era ela. Com o aparecimento desta criança, depressa se espalhou a sua história. Era ela que traria um fim à morte, tal era a sua luz mesmo sem o dom da magia. “Sobre esta terra cairá a escuridão e com ela a morte que apenas a luz da vida conseguira destruir.”
Seth: Ela era a luz da vida e eu tornei-me a morte…
Francis: O seu destino… É destruí-lo!


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