Na Biblioteca Ancestral (T1 Ep.15-3)

Joan: O que queres dizer?
Francis: Por favor! – Disse indicando o caminho das escadas.
Joan: Não o posso fazer. Não o farei.
Francis: Infanta, perdoai-me, mas tem de o fazer, caso contrário ela está condenada.
Seth: Ao que te referes?
Francis: Porque pensam que o castelo foi invadido? Porque acham que a perseguição continuou e continua até aos dias de hoje? Ela é a razão.
Joan: Como assim?
Francis: Ela é a luz que desvanecerá o mal deste mundo. E tudo começou contigo… - Afirmou, olhando afincadamente Mikhael.
Seth: O quê?
Joan: Não estás a fazer sentido.
Francis: Não se lembram da profecia?!
Seth: Eu levo-a lá para baixo.
Francis: Boa! Porque não vamos todos?!
À medida que Mikhael descia os degraus Francis o seguia, então Joan os acompanhou, fechando cada secção atrás de si.

Seth: Eu levo-a ao quarto, Joan? – Interrogou-a na esperança que entendesse que precisava de ajuda na minha muda de roupa e o seguisse
Francis: Ok! Eu fico aqui mesmo à vossa espera. – Francis lera sobre a Biblioteca Ancestral, mas nunca a vira. Estava maravilhado. Podia apenas imaginar, as histórias, os feitiços e encantamentos ali presentes em cada livro.
Joan e Mikhael, comigo nos braços, dirigiram-se ao quarto. Ele pousou-me sobre a cama. Num flash recolhera do seu guarda-fato uma camisa e umas calças. Entregou-os à Joan e seguiu para junto de Francis.
Seth: Como sabes sobre a profecia?
Francis: Muitas foram as histórias escritas sobre o nosso povo. Os antepassados queriam preservar a nossa essência, transmitindo os seus conhecimentos. Contudo novas histórias foram surgindo. Criar a confusão era o propósito, desviar-nos da realidade. Cedo aprendemos a guardar a nossa mente, a ver a verdade nas palavras. Uma pequena ajuda da Benfeitora. Acredito que fora aqui o início da sua história. Fora aqui que a Infanta escrevera sobre os seus feitos, certo?!
Joan olhara Mikhael surpresa. Como poderia ele saber assim tanto.
Joan: Sabes quem ela é?
Francis olhou para Mikhael e respondeu.
Francis: Sim! Ela tem lutado pela nossa sobrevivência. Foi ela, que pelos tempos, nos ensinou o caminho da verdade.
Seth: Conheceste-a?
Francis baixou a cabeça, por uns escassos segundos ficou pensativo.
Francis: Eu tinha sete anos, a noite estava iluminada pelos candeeiros de rua. Estávamos protegidos e já não se ouvia falar em ataques por décadas. Nunca baixávamos a guarda, nunca… De repente tudo era chamas em meu redor. Apesar dos esforços, o fogo não recuava… Eu ouvira os gritos, eles estavam por todo o lado. As suas armas eram indestrutíveis. A minha mãe colocou um escudo de protecção sobre nós e corremos, corremos para alcançar a entrada do subsolo e pelas grutas, protegidas pelos anciões que possuíam o dom da magia, escaparmos. Mas antes que conseguíssemos alcança-las uma seta perfurou o escudo, perfurando-lhe o peito e ela caiu. Eu estava assustado, perdido, sem compreender como era possível… Não conseguia parar o choro, ajoelhei-me junto dela para ouvir o que dizia. Disse-me que sempre estaria comigo, agarrou-me o braço, colocando sobre mim um feitiço de ocultamento, atirou-me sobre as caixas junto do lixo. Perdi os sentidos e ali fiquei com o meu corpo escondido entre caixas. Quando acordei, sobressaltado olhei para onde a minha mãe havia caído, o seu corpo não estava mais ali. Olhei o meu braço, tinha a imagem do seu pendente… Senti tanta energia a percorrer-me o corpo, eu senti-a. Com o seu último suspiro cedeu-me a sua energia.
Joan: Lamento imenso, Francis…
Francis assentiu e continuou.
Francis: Continuava a ouvir os gritos e sabia que não tinha força para os enfrentar. A minha mãe era forte, mais forte do que eu alguma vez podia imaginar ser… E havia sucumbido. O que poderia eu fazer? Com as suas histórias no coração, limpei as lágrimas, levantei-me encostando-me ao caixote do lixo. Estava decidido a dar o melhor de mim, proteger ou morrer tentando… Respirei fundo, concentrei-me e então apercebi-me… Eu não escutava mais os gritos, apenas o som do fogo consumindo o que restara. Corri para chegar até casa, escondendo-me entre cantos. As chamas haviam devorado a aldeia, estava rodeado por escombros. Não restava mais ninguém, estava sozinho… Quando vi este vulto se dirigir na minha direcção o meu coração acelerou, pus-me de pé e com as lágrimas a caírem-me pelo rosto disse que iria pagar pelo que fez a minha mãe. Eu estava tão cheio de raiva, com toda esta energia…


Comentários

Mensagens populares