Eu desejei por ti (T1 Ep.14-7)
Seth:
Obrigado pela preocupação, mas creio que seja melhor eu ir.
Rose:
Oh… – Queria pedir-lhe que ficasse mais um pouco, mas não consegui. – Está bem!
– As minhas bochechas rosaram, os meus olhos entristeceram. – Obrigado pela
écharpe.
Seth:
Por favor não me interpretes mal… - Agarrou-me pelo antebraço, quando me
voltava. - Eu… Eu sou professor na tua escola! A ideia que transparece pode não
ser a mais correcta.
Rose:
Se fosses professor na escola vizinha já estaria bem sermos amigos?!
Seth:
Tu viste como o teu irmão olhou para mim, agora imagina a tua mãe!
Rose:
Provavelmente tens razão.
Seth:
Não vás chateada, por favor!
Rose:
Mais uma vez obrigado pela écharpe e… um bom natal. – Virei costa e comecei a
afastar-me.
Seth:
Rose! Eu fico se quiseres… - O doce som das suas palavras, a gentileza com que
as pronunciava… Ouvi-lo chamar pelo meu nome foi uma explosão de sentimentos, o
meu coração queria sair do peito. Eu queria que ficasse e queria muito o dizer,
mas… Tantos sentimentos de uma só vez, alegria, revolta…
Rose:
Acredito que tenhas muito que fazer, trabalhos para corrigir, esse tipo de
coisas.
Seth:
Por favor. – Estendeu-me a mão. Eu não lhe conseguia resistir. – Conversemos por
uns momentos. – Ajudando-me a subir os degraus do quiosque no jardim continuou.
- Adorava conhecer um pouco mais de ti!
Sentamo-nos
num dos bancos do quiosque. A brisa gélida de inverno já não se fazia sentir. Feito
seu, talvez!?
Com
uma postura tão imponente como poderia transparecer tanta fragilidade pelo seu
olhar?!
Rose:
Como sabias qual era a janela do meu quarto?
Seth:
Bem…
Rose:
Não é a primeira vez que vens cá, pois não?
Seth:
Perdoa-me! Ver-te acalma-me… - As suas palavras magoaram-me um pouco, não era a
mim que via, mas sim a sua princesa.
Rose:
Eu sinto a tua presença à noite. Criei esta ideia de que serias o meu anjo da
guarda. Huh… - Libertou um sorriso misterioso, querendo dizer algo que conteve
para si. - A Joan contou-me que tu… Não podes morrer?
Seth:
Receio que o meu destino nesta vida esteja traçado.
Rose:
Ficares sozinho?!
Seth:
Eu não fico sozinho. Este mundo é tão cheio de vida…
Rose:
Ah… - Olhei para baixo envergonhada.
Seth:
Em cada canto tem memórias gravadas. Histórias a serem contadas. Com o passar
dos anos novas terras foram sendo descobertas, novas tradições feitas. Arte,
música… E a recordação dos que mais amei ajuda a preencher o vazio.
Rose:
Oh! – Apesar do sorriso nos seus lábios ao preferir aquelas palavras, eu sentia
a sua dor. Eu precisava de saber mais, queria o compreender. – Como consegues
viver assim? Sabendo que partirão e tu aqui continuarás?!
Seth:
É o meu destino…
Rose:
E simplesmente o aceitas, sem lutar? Não queres viver uma vida humana? - “Porque
sinto que ele está-se contendo nas palavras?!”
Seth:
Eu fiz um juramento e sob ele eu aceito o meu destino, tentando dar o melhor de
mim, não deixando morrer o nosso propósito. Fazendo o que faria na vossa
presença.
Rose:
A Joan disse que “quando o sol e a lua se alinharem como na minha encarnação, a
minha reencarnação ocorrerá”. Ou algo muito parecido… Deduzo que o seu destino seja
o mesmo?!
Seth:
Sim, é verdade!
Rose:
Desculpa. - Os meus olhos se enchiam de lágrimas, eu não queria chorar na sua
presença, mas… - Eu não consigo me imaginar aprisionando alguém que ame assim.
Se outra vida dependesse do meu sacrifício, eu o varia a mim, não a ti…
Seth:
Rose, - colocou a mão no meu queixo, erguendo-o - eu tive um milénio para fazer
as pazes com o que sou e as fiz. Não sintas pena de mim, por favor! Eu não o
suportaria! – Olhava para mim com um doce sorriso.
A
delicadeza nas suas palavras, o cuidado com que as escolhia… E nem uma vez me
chamou por outro nome que não o meu. Quanto mais falávamos, mais o queria
conhecer. Esta intensidade que me consumia, este fascínio que me desafiava a
querer mais… Eu sabia-o, eu desejara por alguém como ele. A compaixão nas suas
palavras, a sua honestidade, a confiança que depositava em mim a cada
confissão.
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