Agora sei (T1 Ep.14-5)
Sra.
Irya: Sim?
Rose:
Bom tarde Sra. Irya, é a Rose. A Joan está?
Sra.
Irya: Está sim, entra.
Rose:
Obrigado!
O
portão eléctrico abriu-se e, mesmo receosa, avancei. Havia muito que não
percebia, contudo, Mikhael tinha razão. Fazemos o que achamos melhor,
baseando-nos nos nossos conhecimentos. Quando temos meias verdades a percepção
e juízo da situação ficam comprometidos, mas temos de agir na mesma. O que nos
resta? O instinto!
Quando
nos dizem que não somos quem acreditamos ser, a pequena hipótese de tal ser
verdade faz-te sentir como se o chão se abrisse por debaixo dos teus pés, como
se criassem esta armadilha, encurralando-te de forma a aceitares apenas a sua
verdade. É como se invadissem a tua privacidade e te quisessem moldar a uma
imagem diferente da tua. O teu instinto? Protegeres-te, negando essa realidade,
negando não seres tu quem controla a tua própria vida. A cada palavra a tua
memória busca imagens para dar suporte ao que ouves, por momentos queres
acreditar na impossibilidade, serão memórias? Serão sonhos?
Embora
a dúvida de pertencer à realidade de Rebecca e de Mikhael persistisse, uma
coisa sabia… Eu, Rose, vivo no presente, nesta vida e sei o que quero. Desde
que tenho a consciência da minha existência que sempre soube. Sonhando cada
passo que quero dar, sonhando cada objectivo que quero alcançar. E com a ajuda
e apoio da Joan estou vivendo o meu sonho, o nosso sonho… Estamos a pouco mais
de dois meses para o desfile e eu quero, preciso, que ela faça parte deste
projecto. Nós sempre nos apoiamos, ela é mais do que uma irmã para mim. Não
consegui ver então, mas agora sei… Estava em sofrimento e, como sempre, se
sacrificaria por nós, sofrendo em silêncio, mas não tem de ser assim…
Joan: Olá Rose!
Rose: Olá Joan… Hum…
Estás pronta para continuar com o projecto?!
Joan:
Claro!
Rose:
Tenho imensas ideias novas e preciso de ti!
A
Joan olhou para mim com os olhos a brilhar. A ela também, as palavras de
Mikhael agora faziam sentido.
Joan:
Acho que temos muito que conversar! – Fechou a porta atrás de si, indicando-me
o banco do jardim. – Acredito que tenhas imensas perguntas. Eu estou pronta
para as responder, se assim o quiseres.
Rose:
Não, por favor! – Ficou admirada com a minha reacção. – Eu não preciso fazer as
pazes com o passado porque esse não é o meu passado. Nem acredito que vou dizer
isto, mas…
Joan:
Podes dizer! Não mais receios entre nós…
Rose:
Eu gosto dessa ideia… O que ia dizer era, se me retiraste as memórias,
guarda-as. Eu quero esta nova oportunidade para começar de novo. Eu sou a Rose,
adoro animais, desporto e desenhar. Adoro criar peças dando-lhes vida com as matérias
deste mundo, desta época. Por poucas palavras esta sou eu. Consegues viver com
isso? - A Joan sorriu assentindo ao meu pedido. Eu não quero viver na
incerteza, na dúvida. Quero, apenas, as certezas que conquisto diariamente! – Tenho
muito que te mostrar, podes ir até minha casa?
Joan:
Claro!
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