Quem sou eu?
Joan:
Katarina?!
Rose:
Não. Eu sou a Rose! Eu não sei… Estou tão confusa. – Estava lavada em lágrimas.
– Eu preciso saber… Porque ele me abandonou?
Joan:
Por favor acalma-te. Não estás a fazer sentido algum.
Rose:
Não, não, não! Não vão voltar a fazer-me isto. Não me vão fechar outra vez.
Joan:
Não Rose!
Rose:
Chuu, Não digas nada. A minha cabeça… Ela está aqui…
Joan:
Quem está aqui Rose?
Rose:
Está dentro de mim. Eu sinto a sua dor. Ela está arder, a minha pele está a
arder! Ele observou e nada fez. Ele abandonou-a, ela está em sofrimento. Eu
sinto a sua dor. Ela está dentro de mim.
Joan:
Eu estou aqui… – Pousou a sua mão sobre o meu ombro, tentando acalmar-me, mas a
sua magia não funcionou. No instante em que tentou sentiu uma repulsa, a magia
de Francis persistia. – Diz-me, o que se passou Rose?
Rose:
Eu vi a sua vida, vi os seus sonhos, ele estava em todos eles. Eu senti-a. A
sua dor era a minha dor, as suas memórias eram as minhas memórias. Ele era
parte da sua imaginação, tal como da minha. Ele estava lá e partiu.
Joan:
Quem partiu Rose?
Rose:
Ele não é real… Mas eu o conheço!
Joan:
Quem te abandonou Rose? Qual o seu nome? – A cada menção que a Joan fazia do
meu nome era como se me puxasse de volta, os flashes pareciam
compartimentarem-se, uma linha do tempo criava-se.
Rose:
Mikhael… Ele viu-a arder e nada fez. Ela gritou por ele… Continuava gritando e
ele partiu, ele abandonou-a como um cobarde.
Joan
estava incrédula com o que escutara. A tristeza no meu olhar era profunda, nada
mais via. Estaria o passado destinado a repetir-se?!
Joan:
Vem comigo. Tens de te secar antes que adoeças.
Rose:
Ela quer ficar, precisa de respostas.
Joan:
Quem quer ficar Rose?
Rose:
Eu fora chamada Katarina…
A
Joan olhava para mim admirada, agora sabia-o, um ciclo se iniciara.
Joan:
Porque dizes isso?
Rose:
Eu lembro-me de tudo! Tu estavas lá, Elizabeth estava lá, eu tivera outra
família… Ele estava lá, em todos os seus sonhos. Sonhara com uma vida que nunca
teve. Ela costumava vê-lo tal como eu o via, eram felizes correndo pelos
jardins. Tivera os mesmos sonhos que eu tivera, contudo, sentia-o de uma forma
diferente, tinha um peso no coração. E então mostrou-me… Como na tua história,
nos seus sonhos fora perseguida, capturada e executada… Sentiu cada momento
como se o estivesse a viver, quando mo mostrou eu senti também, senti a mim
pele arder, era insuportável. Senti uma dor no meu coração como se fosse
esmagado. Estava em tanto sofrimento… Não conseguia esquecer a sua imagem, era
como se ele estivesse presente sem estar lá. A sua mente ficou presa ao momento
em que ele lhe virou as costas… Ele fora a sua última memória antes de fechar
os olhos. Consegues compreender? Amar assim alguém e esse alguém arrancar-te o
coração! – A Joan ajoelhou-se a minha frente assentindo à minha pergunta. – Tal
como a sinto, ela sentiu Anastacia… Ela não o conhecia, mas amava-o. Gritara o
seu nome uma e outra vez… Ele nunca veio. Ela não conseguia viver assim, eu não
conseguia viver assim. A dor era demasiado forte. Ninguém veio… Eu não
conseguia viver assim… Fui, então, até ao penhasco, supliquei a Deus que me
recebesse… Mikhael estava lá, nas nuvens vi a sua imagem, com os ventos a sua
voz dizia-me que reencontrar-nos-íamos outra vez… Soube, então, que ele não era
mais parte deste mundo, o mundo dos vivos. Senti a brisa e deixei-me ir ao seu
encontro. Eu o perdoei, como vos implorei perdão pelo que fiz. Esperando
reencontrar-me com ele no descanso eterno. Mas a minha alma se perdeu e nunca
lá cheguei. Ele nunca veio por mim. O tempo desvaneceu, tudo a minha volta era
nada, um imenso vazio assim como o que eu me tornei.
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