Eu não sou quem tu vês em mim (T1 Ep.13-14)
Rose: Por mil anos!? Não é possível!
Joan: Ele… O ritual daquela noite atingiu-o de forma diferente.
Rose: Como? Diz-me!
Joan: Creio que o tempo tem os seus próprios mistérios!
Rose: O que queres dizer com isso?
Joan: Ele é o Guardião do Tempo, ele não consegue morrer.
Rose: O quê?! Este ritual que realizaste é uma prisão para todos nós, para ele… Condenado a vaguear por este mundo, sem fim, sem descanso e sozinho!
Joan: Não era esse o meu propósito…
Rose: Então qual era? Se eu realmente fosse a vossa Anastacia, faria de tudo para vos proteger, não para vos condenar!
Joan: Eu fi-lo porque tu me imploraste!
Rose: Não! - Não conseguia acreditar no que a Joan acabara de confessar. Não!
Joan: Querias salvar o teu povo, o nosso modo de vida, dar a esta terra uma nova esperança. Uma oportunidade de salvação. Liberta-la para as gerações futuras.
Rose: Joan, quero que restaures as minhas memórias.
Joan: Rose eu não posso fazer isso! A magia tem o seu preço, não as conseguirás absorver de uma única vez…
Rose: Porquê? Quantas vidas vivi?
Joan: Há quinze anos o teu espirito encarnou pela terceira vez. Mas não é essa a questão…
Rose: Então qual é?
Joan: As memórias que deixaram a sua marca, são as primeiras a aparecer.
Rose: Fala português Joan, eu não falo magiques. – A ansiedade apoderava-se, o medo instaurado. Medo por sentir que a minha realidade estava prestes a mudar, acima de tudo, medo de o deixar sozinho neste mundo.
Joan: Os meios da tua morte serão as primeiras impressões.
Rose: Como morreu a vossa Anastacia? Como eu morri Joan, como!?
Joan: Tu… Foste crucificada… E queimada. Um exemplo para todos aqueles que entendiam em fugir.
Rose: Ah…
Charlie: Aqui estão vocês! – Tentei, disfarçadamente, limpar as lágrimas para que o Charlie não percebesse e fosse, também, arrastado para esta história… - Rose, a mãe está a chamar. É hora do brinde! Joan a tua avó está prestes a fazer o discurso.
Joan: Obrigado Charlie.
Rose: Vão indo, eu já vos apanho.
Charlie: Estiveste a chorar Rose? Joan?! O que se passa entre vocês as duas?
Rose: Eu estou bem, a sério. Foi só um mosquito.
Charlie: Grande mosquito, deu com a cabeça numa e com a cauda na outra… - A Joan sorriu por simpatia, mas o Charlie percebeu que o assunto era sério. – Levem o vosso tempo. Eu… espero lá dentro.
Joan: Rose…
Rose: Só preciso de um minuto Joan. Por favor!
Não queria ouvir mais nada, não queria sentir mais nada! Eu não conseguia estar ali. Rodeada de tanta gente e com esta vontade de gritar… Precisava da sua presença, precisava saber se era real.
Então, sai correndo do recinto. Corri e corri para sair dali… Numa coisa a Joan tinha razão, o mar tranquilizava-me. A praia era perto, o som das ondas deixavam fluir os meus pensamentos. Olhando a lua que se apresentava por metade, senti que com ele, ela se preenchia. Queira ser a lua… Brilhante, certa do seu destino… queria que ele fosse a outra parte de mim, queria ouvir a sua voz, sentir a sua presença…
Seth: Ela é tão linda, não é?
O meu coração disparou, o meu corpo congelou, a minha voz desaparecera por instantes...
Rose: …Sim, ela é.
O silêncio fez-se ouvir por momentos. Estávamos apenas ali, admirando uma das telas mais bela da natureza. Senti reconforto em tê-lo perto… Queria o abraçar, pedir que me perdoasse, mas eu não era a pessoa por quem me viam.
Percorri um longo caminho até aqui, desde o início deste ano. Fiz coisas que não me passariam pelo pensamento conseguir fazer. Fiz uma pequena coleção em menos de um mês, subi a um palco e adorei, estive no festival de verão com uma bancada com as minhas próprias peças… Sinto-me diferente, em certos aspectos mais forte, contudo nada, nada me podia preparar para esta realidade.
Rose: Eu não sei porque me sinto assim quando estou perto de ti, mas eu estou certa de uma coisa… Eu não sou quem vocês vêem! Eu não sou a tua Anastacia…
Fim do 13º Episódio – Um Conto de Fantasia
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