Eu encontro o meu caminho... Até a ti (T1Ep.13-12)
Domingo, 22 de Dezembro
O plano estava traçado,
hoje era o dia de surpreender a Dianne. Mas não era o único plano. Há pois não!
Com a festa de Natal da
cidade a realizar-se hoje, a esperança de que estivessem todos envolvidos no
evento dava vida ao meu plano. Depois do almoço seguiria até casa da Sra.
Beatrice. “Não sei como, mas tenho de encontrar a entrada para a Biblioteca
Ancestral.”
A família da Joan é das
mais antigas na região, se não mesmo a mais antiga. Segundo as histórias, estas
terras foram descobertas por uma família que da sua origem pouco se sabe,
apenas que ao fundarem a vila trabalhavam os solos para alimento e criavam
abrigos, não só para si, como para todos os que procurassem asilo. Não há
registos hierárquicos da família, não existem muitos momentos grafados em
imagem, nem em textos factuais. Existem sim, muitos contos, histórias.
Mas não obstante, todos
os anos, na época santa a matriarca da família comparece na festa, saudando e
agraciando todos com a sua presença. Desde que me lembro que essa tarefa é
atribuída à avó da Joan. É-lhe feita uma homenagem, não, apenas, por serem a
maior produtora de azeite da região, como por ajudarem a criar outros postos de
trabalho, por todos os anos aceitarem estagiários nas suas fábricas, ajudando
na formação dos jovens e pelos diversos trabalhos sociais desenvolvidos. A
família da Joan é, basicamente, o coração desta cidade.
Mesmo assim o sendo a
Sra. Beatrice não mora no centro, gosta da sua tranquilidade junto dos seus
olivais, das suas vinhas. E algo me dizia que muito mais se escondia nestas
terras do que apenas os segredos do melhor azeite.
Ao chegar os portões
estavam abertos, junto a eles estava o porteiro. Lembrava-me de no ano passado
ter vindo cá e a Joan contar como a sua avó gostava de receber visitas, gostava
de ver a alegria nos seus rostos por uma simples decoração natalícia. Se bem
que as decorações por aqui não são, à primeira vista, assim tão simples. É
incrível, a atenção que dão aos pormenores. Parece um reino mágico, como o polo
norte. E com este pensamento regressei ao meu objectivo. Estava perdida de
entusiasmo, queria ver todo o jardim, mas a minha vinda aqui tinha um propósito,
então esgueirei-me até ao Mausoléu.
Embora lá em baixo
estivessem algumas pessoas, esta parte estava selada no início das escadas. Não
é a primeira vez que subo pelos arbustos, se bem que desta vez custou um pouco
mais. Contudo, aqui estou. “Está na hora de procurar uma entrada, uma brecha de
ar…”
Seth: Não devias estar
aqui.
Rose: Ah… Mikhael…
Desculpe, professor Seth, assustou-me, pensei que fosse…
Seth: Que fosse um dos
seguranças!
Rose: Sim!
Seth: Eu sou um dos
seguranças. – Com umas palmadinhas do dedo apontou para o símbolo no casaco.
Rose: Desculpe, mas eu
não vou sair daqui. – Embora com todo o embaraço da situação, o seu gesto
fazia-me sorrir. Controlei-me e continuei. - Eu preciso de respostas, não
consigo dormir, tenho demasiadas perguntas que me atormentam o pensamento -
olhando o seu doce rosto, a sua simples presença fazia-me implodir de emoções,
acelerava o meu coração e, ao mesmo tempo, tranquilizava-me a mente. Era como
se o sentisse, ele fazia parte de mim e eu parte dele… Depois irrompeu uma
vozinha na minha cabeça, “é tudo ilusão, a Joan é a origem deste sentimento, a
Joan colocou uma falsa realidade na tua mente para te distrair, acorda! Acorda!" – Ou podes ajudar-me, ou terás de me arrastar à força lá para fora.
Seth: Para te levar não
precisaria de assim tanta força. – O seu tom suave tentava disfarçar a doçura
no seu olhar, a preocupação que sentia a cada palavra sua.
Rose: Eu sei que há
aqui uma Biblioteca Ancestral, eu preciso de a ver! Por favor leva-me lá!
Seth: Eu não posso
fazer isso. – As suas palavras, davam-me a certeza de que precisava.
Rose: Por favor!
Olhou para mim, como se
me visse a alma, como se conseguisse sentir o meu desespero, a minha dualidade.
Queria-o perto de mim, mas como o receava... O meu único refúgio, o meu porto
seguro, agora assombrava-me. Olhar para ele fazia-me odiar a Joan, a dor que me
causara por arrancar a doce lembrança de Mikhael dos meus pensamentos, dos meus
sonhos.
Rose: Tu não
compreendes. Temo perder a razão. As palavras de Elizabeth tomam cada vez mais
verdade - Com um suspiro deixei-me cair sobre os joelhos, a angústia tornou-se
pesada. – Eu sinto-me vazia… - Queria dizer-lhe que era ele o meu porto seguro,
que com ele a dor do meu peito desaparecia. Com o seu toque voltava a sentir esperança.
– Por favor. – Com as suas duas mãos acariciou o meu rosto, elevando-o na sua
direcção. - Arrancaram de mim o meu refúgio. Tiraram-me uma parte de mim… Eu
preciso de respostas. Estou perdida. – Apesar do meu esforço as lágrimas caiam
pelo meu rosto.
Seth: Vai ficar tudo
bem Rose, tu podes confiar em mim.
Rose: Como eu desejo
que pudesse.
Seth: E podes…
Olhou-me fixamente nos
olhos, deixando transparecer a sua vulnerabilidade. Os seus traços entranhavam-se.
Eu já tinha sentido isto antes. Simplesmente sabia-o. Como? Não sei… A sua voz,
o seu cheiro… Serás tu real, ou uma ilusão criada pela Joan?!
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