Estás a afasta-la (T1 Ep.13-8)

Eu sei que há muito mais, do que a Elizabeth contou, por descobrir. Eu sinto-o! “Porque o tenho tão gravado em mim?! Porque a sua presença mexe tanto comigo?!” Saber que a Joan controlava os meus pensamentos, criando ilusões da realidade, deixava o receio de que Mikhael fosse apenas uma mais. Uma doce ilusão para ocultar o seu verdadeiro segredo.
Enquanto me afastava Mikhael aproximou-se de Joan. Ouvira a nossa conversa e sabia que, apenas, através da verdade teria a sua doce Anastacia de volta.
Seth: Ela só vai entender se lhe contares a verdade.
Joan: Eu sei, mas tenho medo.
Seth: Estará protegida. Estaremos juntos.
Joan: Todos os dias estudo o meu Grimório, todos os dias prático novos feitiços para me fortalecer. E continuo sem uma resposta, sem uma solução. O vosso amor é mais forte do que a minha magia. Mesmo sem o saber, desde que te sentiu, luta para chegar a ti…
Seth: “Dos corações puros nasce a luz e com ela nada temerás, pois nada será tão forte ou poderoso.”

Joan: Eu sei, meu irmão! Eu sei… – Com o olhar triste observava-me enquanto percorria o corredor. – Mas como poderei ter a certeza de que conseguirá sobreviver? Como?! Retirar-lhe as memórias do passado não foi suficiente… E agora nada do que faça o será, até encontrarmos Francis.
Seth: Queres mesmo retirar-lhe o feitiço de protecção?
Joan: Eu quero mantê-la segura, é tudo o que quero.
Seth: Não podes controlar tudo Rebecca. Quanto mais a afastares mais difícil será para ela e para os guardiães.
Joan: Ela nunca me perdoará por vos ter separado. No que te transformei…
Seth: Creio que o medo que sentes é que tu não te consigas perdoar a ti própria. O que sou não foi acto teu, mas sim do meu desespero, da minha sede de vingança e para toda a eternidade viverei com as consequências os meus actos. Tens de aceitar que não foi culpa tua e seguir o teu caminho. Deixa-la seguir o seu. Nós estaremos aqui para a proteger, sempre.
Joan olhou Mikhael apercebendo-se que aos seus olhos ela seria sempre a sua querida irmã. As suas palavras a confortavam e nem se atreveu a corrigi-lo pedindo que a chamasse de Joan. Ninguém a conhecia tão bem como ele. Por vezes, nem ela própria. Estava cega pela culpa que em si residia, a culpa dos nossos destinos.
Viver com o passado não é fácil, pois a dor das consequências dos nossos actos prevalece, até o aceitarmos e nos perdoarmos. Esse é o acto mais difícil, perdoar, mas também o mais divino, o caminho para encontrarmos a paz.
Esta era a sua vida, esta é a minha vida e antes que fosse tarde de mais, a Joan, teria de entender que não é sua responsabilidade proteger-nos de todos os males, pois, por mais tombos que leve, apenas preciso de ter as minhas amigas diante de mim, estendendo as suas mãos, ajudando-me a erguer de novo.


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