Reviver o Momento uma e outra vez (T1 Ep.12-8)

O sofrimento estava, completamente, visível nos seus rostos. Elas adoram a banda, adoram estar em cima do palco, adoram poder partilhar, como a Dianne diz, o melhor delas com quem as assiste.
Quando fazemos voluntariado levam sempre os seus instrumentos, há sempre um tempinho para a música. Nas suas palavras “ver os sorrisos nos seus rostos, não tem preço”. Para elas, compor, tocar, cantar é a sua essência, é o ar que respiram. E não iam deixar morrer a esperança de que a mãe da Sofie voltasse atrás na sua decisão.
Por vezes é-nos difícil ver os dois lados da moeda, pois nem sempre prestamos atenção ao que realmente se passa à nossa volta. Ficamos tão presos na “nossa” realidade, que não nos apercebemos que cada acção tem uma reacção, que cada decisão tem uma consequência e a sua responsabilidade é atribuída ao acto praticado.
A mãe da Sofie encontrou as meninas caídas, inanimadas. Apenas posso imaginar o sofrimento pelo qual passou com a ideia de perdê-las naquele instante. E não ter uma explicação, viver na incerteza de que aquele momento poder-se-ia repetir era agoniante.

A convicção de que a Joan estava envolvida era cada vez mais forte. Que outra explicação teria? Como se explicava que o que aconteceu foi, realmente, por magia?
Tinha o pensamento cheio, era demasiado a acontecer ao mesmo tempo. Não me conseguia concentrar no trabalho a minha frente. A semana estava quase no final e não tinha adiantado muito mais nem nas peças, nem no plano.
De um certo modo, relacionava-me com a dor que as meninas estavam a sentir. Perder a doce lembrança de Mikhael, fazia-me doer o peito a cada inspiração, o ar parecia escasso nos meus pulmões e quanto mais puxasse mais raro ficava. Tentar esquecer, a mera ideia de esta ser a única resposta possível ao meu sofrimento aumentava a minha dor.
Sentei-me, então, na sala com o meu bloco em mãos e enquanto o Kat dormia encostado a mim, deixei o lápis cobrir folha após folha com ideias para remodelar o meu quarto.
Precisava encontrar a paz dentro de mim, mas não conseguia deixar de reviver, estes últimos acontecimentos, uma e outra vez. Se descobrisse o que realmente aconteceu com Elizabeth talvez pudesse entender os seus actos, talvez o seu rosto não tomasse traços que me assustam, talvez… Tenho de encontrar Francis, ele é como a Joan, poderá dar-me as resposta às perguntas que ela não quer responder!


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