Esperança (T1 Ep.11-12)
Adoro
o cheiro de manhã cedo, é, um tanto ou quanto, libertador. Enquanto percorro a
rua, em direcção à paragem de autocarros, ouvir os passarinhos, sentir esta
frescura matinal, sabe tão bem. E hoje ainda mais, pois a esperança de o voltar
a ver estava agarrada a mim, junto com este nervoso miudinho.
A
fixação da imagem de alguém que nunca vira antes apurava o meu sentido de
intriga. Vê-lo era apenas uma parte do meu desejo. Saber que semelhanças poderiam
ter instigava a minha vontade de o conhecer.
Pelos
corredores vaguei nas horas de intervalo. Nada!
Na
hora de almoço, os meus olhos percorriam todo o refeitório, sem sucesso. “Seria
o pai de um aluno. Não! Por favor que não seja!”
Joan:
Estás bem Rose? Pareces aluada.
Rose:
Estava a pensar no que aconteceu ontem.
Joan:
O importante é que estão melhor! E o Kat? Está tudo bem com ele?
Rose:
Está sim. Estava a dormir quando sai. – Ontem foi-se embora, hoje “O importante
é que estão melhor!” “Quem és tu Joan?!” “E por que está ela a perguntar pelo
Kat?” Os meus pensamentos, que se concentravam na manhã de ontem, voltaram-se,
completamente, para ela. – Quando sairmos fazemos uma visita as meninas, está
bem?
Joan:
Claro que sim! O Mario deixou-me mensagem ontem. Foi tão querido.
Rose:
Pois foi, também me deixou.
Mario
estava, completa e irrevogavelmente, apaixonado pela Dianne. Saiu do hospital já
de madrugada, obrigado e apenas depois de se certificar que Dianne estava bem. Com
isto em mente, com a ideia deste amor e dedicação, vê-lo era uma necessidade.
“Mikhael, meu príncipe, por onde andais?!”
Rose:
Bem, vou indo até à Biblioteca. Vens também?
Joan:
Vou sim!
Levantamos
os nossos tabuleiros da mesa, levamo-los ao carrinho de recolha e, antes de
sairmos do refeitório, vagueei o olhar em busca do seu rosto, com uma última
esperança de ali o ver…
Joan:
Por onde vais?
Rose:
Subimos ao pé da Secretaria. Preciso de ir ao WC.
Joan:
Tens aqui uma ao vim do corredor…
Rose:
Prefiro ir às de adiante e fica a caminho.
Joan:
Está bem. – Não parecia satisfeita com a minha intenção.
Aos
meus olhos a Joan estava diferente, não era mais a menina doce, amiga do seu
amigo que conhecera. As palavras de Elizabeth ganhavam força e verdade, a cada
contrariedade sua.
Tinha
o restante tempo da hora de almoço para o ver, antes da última aula. A ideia de
passar pela sala dos professores, surgiu-me como um chamamento de esperança que
por ali ele pudesse estar.
Atravessamos
o jardim exterior do primeiro piso, entramos pela porta de vidro, junto da sala
dos professores, olhei de relance, mas parecia vazia.
Joan:
Eu fico cá fora.
Rose:
Está bem. Não me demoro.
Um
segundo depois de entra pela porta do WC, Joan ouvira uma voz chamar por si…
Seth:
“Joan…”
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