Dói não te ter… doí não entender (T1 Ep.12-3)
Quarta-feira, 6 de Novembro
Passei
a noite em sobressalto. Procurei-o nos meus sonhos, mas a imagem de Elizabeth
não me saiu, a noite toda, do pensamento. “O que queriam eles dizer com o
regresso do seu espírito?!”
Recordando
uma e outra vez a noite de ontem, sabia que alguma coisa tinha de fazer. Segundo
as palavras de Joan, Elizabeth encontrara-se agora junto de Anna, no túmulo da
Biblioteca Ancestral. Onde fica isso? Túmulo? Biblioteca Ancestral… Ancestral,
antepassados, a família da Joan! No Mausoléu, tem de ser lá. Foi para lá que a
Joan desapareceu. É isso, tem de ser. Agora resta-me saber como posso lá
chegar.
Olhando-me
no espelho, o pensamento fugia para o conforto dos seus braços, rodeavam-me,
faziam-me sentir segura. Aos poucos as suas mãos subiam pelos meus braços,
agarrou-me o pescoço, sufocando-me mudou o rosto. – AHH! – Tropecei e cai sobre
a cama. – Não, não quero ver-te assim, não posso recordar-te assim. – Olhei
para o relógio, a hora dizia que tinha de me apresar. Lá o encontraria. Lá ele
era de carne e osso. “Mikhael, o professor Seth”. Nos meus sonhos era doce,
gentil, protector, mas agora… O que não estou a ver? Porque estavam juntos? Joan,
porque me mentiste?
A
vontade de seguir para a escola, hoje, era pouca. Não queria encarar a Joan,
mas seria inevitável, tanto como resistir à minha vontade de me aproximar dele.
E ao pensar o peito doía, queria esquecer tudo o que vira ontem, queria poder
tê-lo no meu pensamento puro, heróico, porém, esquecer seria apagar, também, o
momento de cumplicidade, o momento que me devolvia o sorriso.
No
almoço sentei-me isolada. Não tinha a esperança de o ver, talvez lá no fundo. A
verdade é que pensar nele, traria a imagem de Elizabeth, eu não o queria
recordar assim. Estava a ser um dia difícil, tentava disfarçar a tristeza, mas
não tinha escape para os meus pensamentos. Perto estava a Joan, o seu olhar
preocupado, deixava-me na esperança que viesse falar comigo. Ontem, por não
perceber o que se passou, por, apenas, saber um lado da história, tomei
partido. No fundo sabia que a minha mágoa era por sentir falta de confiança da
minha melhor amiga e por ela o ter afastado de mim.
Por
meses, andei perto da verdade e sempre me vez acreditar que era tudo da minha
cabeça. Não saber que mais estaria a esconder, a suspeita de que algo mais me fizera
esquecer, aprofundava a decepção.
O
dia de aulas passou, estava na hora de ir ter com as meninas, precisava de me
recompor, mas não o ver, não o sentir era muito mais doloroso que qualquer ato
seu.
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