A Verdade Libertar-te-á (T1 Ep.12-2)
“Querido
diário,
Hoje
presenciei o que mais temia e apesar de tudo, sinto esta vontade de o
acarinhar, de o proteger, de lhe dizer, que está tudo bem, que estou aqui para
ele.”
Com
a noite a esperança de o voltar a ver fazia-se sentir, mas não conseguia deixar
de temer pela sua segurança e pela minha.
Joan:
Posso amiga?
Rose:
Entra Joan! – “O que fazes aqui?!” Foi o que me passou pelo pensamento. Mas com
a confiança de que Mikhael mantivera o nosso segredo acrescentei. – Não vinhas
só amanhã?
Joan:
Que estás a fazer?
Rose:
A rever o calendário de implementação do nosso projecto.
Joan:
Já soube que te perdeste. O projecto, as aulas, as meninas, tem sido demais
para ti, devias estar a descansar.
Rose:
Não me sinto cansada. Pelo menos assim mantenho-me distraída. – Embora tentasse
a verdade saiu-me pelos lábios. – Como soubeste?
Joan:
Hum?
Rose:
Que me perdi! Como soubeste?
Joan:
O Charlie…
Rose:
O Charlie não está em casa, nem a minha mãe! Rebecca, eu sei!
Joan:
Rebecca? Sabes o quê!? Do que estás a falar?
Rose:
Eu vi Joan! Ou Stella ou Rebecca… Como foste capaz? O que te fez ela? Implorou
pela minha vida! E eu? O que te fiz eu?
Joan:
Nada! Rose, eu não sei o que Elizabeth te contou, mas… Não podias estar mais
enganada.
Rose:
Então explica-me!
Joan:
Eu…
Rose:
Faz alguma coisa, mostra-me a verdade! Eu não compreendo!
Joan:
Eu… Tenho medo de forçar as tuas memórias.
Rose:
Ao contares-me a verdade podes desencadear o processo, sim eu sei! Mas tenta,
eu aguento.
Joan:
Está bem. Eu nasci, com o dom da espiritualidade. Desenvolvendo a minha
habilidade tenho a capacidade de controlar Homem, Natureza, objectos
inanimados... – Com um gesto da sua mão elevou as folhas diante de mim.
Rose:
Ok! Mexes as coisas com a tua mente e frases bonitas numa língua morta, a
Elizabeth tinha mais de quinhentos anos e queria se tornar uma “verdadeira
imortal”, ou lá o que significa. Por estranho que possa soar, até consigo fazer
um esforço para tentar entender. Mas… Mas o que, realmente, não compreendo é
porque não me contaste! Porque me fizeste acreditar que estava a perder a
razão! Porque tenho a sensação de que me continuas a esconder algo?!
Joan:
Rose, eu…
Rose:
Não Joan, eu não quero ouvir mais mentiras. Se não me vais contar a verdade, por
favor sai! Pensava que éramos amigas.
Joan:
Nunca faria nada para te magoar, – parou junto da porta e num tom de tristeza
acrescentou - só para te proteger.
Eu
estava ferida, magoada com as suas atitudes. A Joan mentira-me, tentara forçar-me
a uma realidade que não é a minha. Desilusão não é, nem de perto, o sentimento para
descrever o que senti ao vê-la sair, pois consigo levava-o, levava o único refúgio
à minha dor, o amor que nos meus sonhos encontrara. Com o peito apertado, o
choro entalado na garganta, perdia uma parte de mim, senti-me abandonada,
isolada. Não tinha com quem partilhar a minha dor. Quem iria acreditar numa
única palavra do que vira… E se acreditasse, que destino cruel Joan o
submeteria… Não, não podia colocar este fardo, pesado, sobre outro.
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