A Festa de Halloween (T1 Ep.9-12)

Quinta-feira, 31 de Outubro
Quando estamos tão ocupados o tempo parece que voa. Do ensaio das meninas à batalha das bandas foi um salto.
O ensaio geral foi fantástico, mas agora, com todo o jogo de luzes, com os efeitos das imagens, a sua apresentação está maravilhosa, um momento único, especial, tão mágico que me fazia sonhar com os desfiles que ambicionava. A cada flash de luz o meu sonho parecia ganhar cor, textura… O pavilhão cheio, a passarela completamente iluminada e cintilante. As meninas a cantarem e as modelos a sobressaírem com as minhas peças. Todo o cenário de Halloween cheio de glamour, uma coleção completamente baseada em criaturas miticamente sobrenaturais. A vontade de desenhar invadia-me, registar cada flash que visualizava, em papel, era uma necessidade.
Joan: As fantasias ficaram óptimas Rose. Rose! Rose, estás bem?
Rose: Hum?! Sim! – Estava focada nas minhas ideias, mas quando a Joan chamou por mim senti esta sensação estranha novamente. - Uau, que estranho. Esta sensação outra vez. No outro dia senti o mesmo.
Joan: Bebeste um pouco de ponche a mais!
Rose: Não, Joan! Não bebi!
Joan: Pois, não é do ponche. É o amor que anda no ar. Anda, eu acompanho-te até casa.
Rose: Não é preciso. Eu já fico bem, mas, qualquer coisa telefono a minha mãe ou peço ao Charlie para me levar.

Joan: Nem pensar, a tua mãe decerto que te põe de castigo e não precisamos preocupar o teu irmão. Eu levo-te, vá.
Rose: Está bem. – A sua insistência era estranha, porém, foi o seu ar descontraído que despertou o meu sentido de alerta. Algo não estava bem e a Joan sabia mais do que queria deixar transparecer, contudo as suas atitudes nada subtis na tentativa, constante, de dispersar o assunto que eu tinha consciência, cada vez mais me afastavam da sua confiança, da sua credibilidade. – Vou só apanhar um pouco de ar, pode ser que passe. Não vou embora já, as meninas não me perdoavam.
Joan: Elas vão compreender, a saúde em primeiro lugar. – Com o pronunciar desta palavra olhou para mim com tal intensidade que não resisti fazer-lhe a vontade e esta estranhamente se tornou a minha. Eu sei que o que a Joan diz é verdade, mas não consegui deixar de sentir que uma parte de mim estava na festa e era lá que queria ficar.
Saímos pela parte de trás, que dava acesso ao estacionamento, estava deserto, não queria passar pela vergonha de ser apanhada com mau beber, o que não era de todo o caso.
Rose: A sério, só precisava mesmo de um pouco de ar.
Joan: Sentes-te melhor? Está muito quente lá dentro, pode ter sido isso também.
Rose: Sim, estou! Foi de certeza, sabes que não me dou muito bem com o calor.
Joan: Tens andado cansada, com tudo o que fazes e ainda te voluntarias sempre para ajudar.
Rose: Tens razão, provavelmente é isso mesmo, mas não sei como explicar, sinto…
Joan: Rose CUIDADO! – Ao gritar em aflição por mim, empurrou-me. A sua reacção foi tão rápida que nem tive a percepção das estranhas palavras que proferiu.
Rose: Joan! O que… - Não sei de onde veio, não sei o que era, apenas sei que vi a Joan a transformar algo em pó com um único gesto da sua mão…
Joan: Vamos, depressa!
Rose: O que fizeste, JOAN?! – Estava apavorada. O que fez a Joan?
Joan: Corre, anda! Vamos para dentro. – De mãos dadas e em passo acelerado, regressamos ao ginásio. Guiou-me até ao corredor, junto dos balneários. Segurou-me a cabeça com as duas mãos e disse. – Ouve-me com atenção. Não te estás a sentir bem e queres que o Charlie te leve a casa.
Rose: Joan, eu não me estou a sentir bem, importaste de chamar o Charlie para ele me levar a casa.
Joan: Claro que sim, espera aqui um pouco. Não vás para a rua, está bem?
Rose: Está bem! - Deixou-me ali, meia catatónica, e foi procurar o Charlie.


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