Nos meus sonhos posso sempre te encontrar
E
lá estava ele… Com o seu lindo sorriso. Nenhuma máscara, nem nada neste mundo
conseguiria fazer-me esquecer o seu rosto. O seu toque. Lá estava ele e estava
à minha espera. Mas… “Onde estás, meu amor? Aonde foste? Aonde
vão? Onde estou? NÃO!”
Rose:
NÃO! – Quando acordei as lágrimas caiam-me pela face. Senti uma dor no peito,
como se roubassem uma parte de mim. Estava desorientada, vazia. Que pesadelo
horrível, desapareceram todos, a natureza secara, os jardins estavam mortos…
Joan fizera mais do que eliminar a memória da noite passada. Ela roubara de mim
o meu refúgio, roubara da minha memória a lembrança de Seth.
D.
Marya: Rose! Está bem?
Rose:
Hum… Não sei… Tenho esta… - Antes de acabar a frase contive-me, estava apavorada
com esta solidão que sentia por dentro, o medo parecia consumir a minha alma. No
olhar da mãe vira compaixão e de algum jeito senti o seu abraço quente, como
quando me consolava de uma queda. Não disse nada sobre o que acabara de
experienciar, não queria a preocupar. – Esta sede.
D.
Marya: Tiveste um pesadelo? Não precisas ter vergonha a mãe está aqui para ti.
Vamos lá abaixo buscar um leitinho morno que isso já passa.
Não
era sede, contudo o leite morno e a companhia da minha mãe, a certeza de que
ela não me abandonara acalmaram-me. Quando regressei ao quarto não queria
sonhar. Estava com medo… Não queria voltar a ver aquele espaço horroroso,
embora acordada não me saísse do pensamento, no sonho era bem mais real.
Fui
ao quarto de costura e trouxe para o meu quarto a minha mala com os trabalhos
de croché. Sentei-me na cama e, com o auxílio da luz do candeeiro e do meu
desenho, comecei a trabalhar. A cada ponto feito o meu pensamento foi ficando
limpo do pesadelo que tivera, no seu lugar ocupava agora a visualização da peça
que estava a trabalhar.
Era
de madrugada e os olhos já começavam a ficar pesados, arrumei, então, tudo na
mala e recostei-me. Já não estava com medo, pelo contrário, estava num lugar
mágico, florido, onde com um gesto meu as peças saiam dos desenhos, ganhando
vida. Sentia-me cheia de amor e voltei a ver o seu rosto, embora desconhecido,
sentia-o como parte de mim. Eu sei, é um sonho, idealizamos até o
amor-perfeito. Mas, embora, fosse apenas sonho, o seu rosto ficara na minha
memória…
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