10º Episódio - Perseguindo um Sonho (T1 Ep.10-1)

Nos meus sonhos posso sempre te encontrar
E lá estava ele… Com o seu lindo sorriso. Nenhuma máscara, nem nada neste mundo conseguiria fazer-me esquecer o seu rosto. O seu toque. Lá estava ele e estava à minha espera. Mas… “Onde estás, meu amor? Aonde foste? Aonde vão? Onde estou? NÃO!”
Rose: NÃO! – Quando acordei as lágrimas caiam-me pela face. Senti uma dor no peito, como se roubassem uma parte de mim. Estava desorientada, vazia. Que pesadelo horrível, desapareceram todos, a natureza secara, os jardins estavam mortos… Joan fizera mais do que eliminar a memória da noite passada. Ela roubara de mim o meu refúgio, roubara da minha memória a lembrança de Seth.
D. Marya: Rose! Está bem?
Rose: Hum… Não sei… Tenho esta… - Antes de acabar a frase contive-me, estava apavorada com esta solidão que sentia por dentro, o medo parecia consumir a minha alma. No olhar da mãe vira compaixão e de algum jeito senti o seu abraço quente, como quando me consolava de uma queda. Não disse nada sobre o que acabara de experienciar, não queria a preocupar. – Esta sede.
D. Marya: Tiveste um pesadelo? Não precisas ter vergonha a mãe está aqui para ti. Vamos lá abaixo buscar um leitinho morno que isso já passa.
Não era sede, contudo o leite morno e a companhia da minha mãe, a certeza de que ela não me abandonara acalmaram-me. Quando regressei ao quarto não queria sonhar. Estava com medo… Não queria voltar a ver aquele espaço horroroso, embora acordada não me saísse do pensamento, no sonho era bem mais real.
Fui ao quarto de costura e trouxe para o meu quarto a minha mala com os trabalhos de croché. Sentei-me na cama e, com o auxílio da luz do candeeiro e do meu desenho, comecei a trabalhar. A cada ponto feito o meu pensamento foi ficando limpo do pesadelo que tivera, no seu lugar ocupava agora a visualização da peça que estava a trabalhar.
Era de madrugada e os olhos já começavam a ficar pesados, arrumei, então, tudo na mala e recostei-me. Já não estava com medo, pelo contrário, estava num lugar mágico, florido, onde com um gesto meu as peças saiam dos desenhos, ganhando vida. Sentia-me cheia de amor e voltei a ver o seu rosto, embora desconhecido, sentia-o como parte de mim. Eu sei, é um sonho, idealizamos até o amor-perfeito. Mas, embora, fosse apenas sonho, o seu rosto ficara na minha memória…

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