A ideia oposta de confronto (T1 Ep.8-8)
Querido
Diário,
O
segundo dia de aulas correu muito bem, tirando o meu pequeno teste à Joan, que
falhou por completo. Se a Joan possuísse magia, se tal capacidade existisse,
qual seria o problema de ela me contar? Um pacto secreto, talvez! Mas com quem?
Não gosto nada disto. Desta sensação de estarem a esconder-me algo e o pior é
sentir que estou perto das respostas, mas ela não quer falar do “assunto”… Nem
de prepósito, mensagem da Joan, “estou a caminho”. Deve ter sentido as orelhas
a ferver por estar a escrever sobre ela.
A
curiosidade que sentia dificultava a concentração no trabalho que tinha pela
frente. O meu pensamento saltava entre, “confronto” e “ não confronto”!
O
“não confronto” acabou por ganhar! Com a chegada da Joan, a minha expectativa,
de que ela quisesse abrir-se comigo, depressa foi pelo cano. Pousou a sua bolsa
e o casaco e veio direita a mim, sem espaço para perguntas, cheia de vontade de
por as mãos ao trabalho.
Joan:
Então, por onde começamos?
Rose:
Estou a tirar as medidas para fazer os moldes das peças…
Joan:
…E o que queres que adiante?
Rose:
Podias adiantar o calendário das tarefas como fiz para o verão!? O que achas de
o actualizarmos à semana? Se houver compromissos, ou se tiveres de “tratar de
um assunto”, apontamos no calendário, para organizar melhor o nosso tempo
livre. Ah, acho que também seria útil pormos no calendário uma seção com as
etapas onde vamos, assim se não poderes vir por algum motivo, o trabalho não precisa
ficar a meio, depois de adiantar o meu, adianto o teu e aponto. Não perdemos o
fio à meada e ficamos com uma ideia de quanto tempo cada peça leva a ser feita.
As
minhas palavras fizeram as de Mikhael tomarem um peso maior. Durante todo o
verão, a Joan, afastara as suas melhores amigas, escondera-nos a sua verdadeira
natureza, isolou-se no que toca a este assunto! Sabia que estava errada, mas a
voz dentro de si, dizia-lhe que o fardo era seu e sua, era também, a obrigação
de desfazer o que criara.
Joan:
Está bem! Percebi-te, vou já tratar disso.
Enquanto
cada uma desenvolvia a sua tarefa o silêncio fazia-se ouvir.
Analisar
peça por peça, visualizar a sua forma, calcular cada centímetro, é uma das
etapas mais trabalhosas e mais importantes. A partir do molde começamos a dar
forma ao tecido, começamos a dar forma à peça!
Rose:
Joan, fazemos uma pausa para lanchar?
Joan:
Boa ideia! Olha, tenho o calendário quase pronto, quando voltarmos dás uma
vista de olhos, pode ser?
Rose:
Dou sim! Vamos lá então?!
Pousamos
o trabalho por uns minutos e fomos lanchar. A meio das escadas a Joan lembrou-se
que deixara o telemóvel lá em cima. Como eu estava no início da descida pediu-me…
Joan:
Rose, importaste de ir à minha mala e trazer-me o meu telemóvel?
Rose:
Não, espera um segundo. Está em que bolso?
Joan:
Deve estar no grande!
Os
meus olhos nem acreditavam no que viam. Ao abrir a mala lá estava, mais uma
peça do enigma que envolve a Joan, este livro estranho, de aspecto velho e com
a palavra “Grimoire”. – O livro das bruxas!
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