No quarto de Costura (T1 Ep.6-9)

Rose e Kat
Pelo início de tarde já nos encontrávamos no quarto de costura. Com o trabalho que conseguíramos adiantar na praia a motivação de continuar em frente estava presente. Contudo, havia este sentimento interior, que por vezes ganhava espaço e por outras recolhia-se, sem deixar de estar presente, o medo de falhar, de não estar à altura do nosso próprio desejo. E tudo em nosso redor influenciava, por mero pormenor que parecesse, tinha o seu impacto.
Rose: Estamos a menos de um mês para o Festival e ainda temos tanto trabalho pela frente! – Pronunciei ao vislumbrar os caixotes por atufar.
Joan: Se for preciso fazemos horas extras. Não te preocupes.
Rose: Enquanto finalizo estas peças, importaste de passar o trabalho de hoje para o computador?
Joan: Claro! Se quiseres, a seguir acabo de passar os contactos dos pedidos para o e-mail da marca.
Rose: Isso seria óptimo. Quando acabares temos de trabalhar nos cartazes promocionais. A ver se os encomendamos já esta semana.
Joan: Está bem. Serão umas semanas preenchidas, mas vamos conseguir!
E sem dúvida que o foram! Todavia, foram umas semanas compensatórias na satisfação do resultado do nosso trabalho, apesar de todas as dúvidas, apesar da curiosidade que, de dia para dia, era crescente. Pois durantes estes dias que se seguiram, não voltei a ver o Seth, mas nem por isso o conseguira esquecer. Verdade para ser dita, se não fossem os treinos, praticamente não saía de casa.

Estávamos cheias de trabalho, porém ainda não tínhamos como contratar ajuda. A nossa esperança estava num resultado positivo das vendas na banca do Festival de Verão. Os pedidos das meninas da escola, davam para as despesas e ainda ficávamos com algum para extras, contudo era muito pouco.
Sonhávamos em abrir a nossa loja, uma cadeia de lojas, fazer desfiles como um espectáculo para multidões, correr o mundo apresentado as nossas colecções. Para isso se concretizar teríamos de trabalhar muito mais. Com uma pequena apresentação na escola tinha começado uma aventura para nós, que a cada passo se tornava mais cativante e eu não ia desistir.
O nosso projecto estava compondo-se a cada desafio, a cada conquista. Até a minha mãe já tinha sido arrastada para nos ajudar e ela prometera continuar a ajudar se não baixássemos as notas no próximo ano lectivo.


Sexta-feira, 9 de Agosto
   Depois do treino segui sozinha para casa, a Joan fora almoçar com a irmã. E, com a ajuda da Carol, estava preparando uma surpresinha… Pouco depois de ouvir o bater da porta de um carro, que parecia vir da frente da casa, a Joan chegara ao quarto de costura.
Joan: Olá! Desenhando uma nova coleção já?
Rose: Surgiu-me umas ideias e não as quis deixar escapar!
Joan: Olha o que trouxe!
Rose: Os cartazes? Já estão prontos, boa! Menos uma preocupação!
Joan: Então, ainda nervosa por irmos para a banca?
Rose: É um misto de emoções! O treino deixou-me mais tranquila, mas quando cheguei a casa e vi as caixas, a realidade de que estamos tão perto do Festival assentou outra vez e deixou-me tão nervosa, como ansiosa.
Joan: Falta uma semaninha apenas! Temos praticamente tudo pronto. Vai correr tudo bem, vais ver.
Os nervos e a ansiedade nada mais reflectiam que o medo de enfrentar esta nova fase. O saber quão importante era esta exposição, não me ajudou a tranquilizar… Mas quando relembrava o olhar daquele estranho sentia serenidade. Não deixando de me focar no nosso objectivo, sempre que sentira o coração acelerar concentrara-me no momento em que o vira, respirava fundo e continuava no que estava a fazer… A lembrança da sua presença ajudou-me a ultrapassar esta semana de espera e me motivou também, pois o desejo permanecia em querer voltar a vê-lo, nem que apenas por um segundo fosse.

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