No Festival de Verão (T1 Ep.6-11)

E o que poderia tornar este grande dia num dia perfeito?! O meu coração gritava com a esperança de voltar a ver Seth quando os portões se abrissem… O que não aconteceu. A ilusão, a fantasia, elevaram as minhas expectativas, este sentimento de não correspondência é uma dor amarga que não desce pela garganta, fica cá entalada, é um aperto forte no coração, que por momentos o pára e te torna toda gélida por falta da circulação do sangue, são mil agulhas espetadas nos pulmões que te dificultam a respiração. E o pior é a consciência de tudo isto numa questão de segundos, a percepção da rejeição de um pedido subconsciente, sobre o qual não temos qualquer controlo.
Joan: Rose! Estás bem?
Rose: Sim… Ansiedade a mais, julgo eu!
Joan: Eu percebo-te, muitas pessoas. Bebe um pouco de água, vai fazer-te bem! - Eram muitas pessoas a entrarem os portões do Jardim Municipal, mas a que eu mais queria ver, infelizmente, não vi.
Rose: Se calhar é melhor não começarmos já os inquéritos! Deixamos para quando houver maior dispersão, pode ser?
Joan: Também acho!
As horas foram passando e, enquanto eu e a Joan nos íamos revisando na tentativa de fazer os inquéritos, fui-me contentando com a ideia de que não viria o Seth.
Joan: São quase dez da noite, vamos fechar a banca?

Rose: Sim, vamos! Andar para cá e para lá deixou-me de rasto.
Joan: Mas vais ficar para o concerto de abertura, certo?
Rose: Fico um pouco, sim.
Joan: Boa! Então passamos na segurança para deixar o cofre e seguimos para lá.
Rose: Está bem! – Arrumamos tudo, fechamos a bancada e seguimos para o edifício principal do jardim. Ao chegarmos lá o meu coração disparou quando, junto de uma das bancas de restauração, avistei… - “Seth! Não pode ser, será?” – Pensei idealizando o momento a seguir, porém, estava tão cansada que até da minha vista duvidara. – Joan, estou com um pouco de sede, não queres ir beber qualquer coisa?
   Joan: Sim, também me está a apetecer qualquer coisa sem ser água. Acho que nunca bebi tanta água como hoje… - Ao voltar-se para a banca de restauração mais próxima a Joan viu Mikhael e, praticamente, me forçou a entrar no edifício principal sozinha. – Deixas o cofre lá dentro, que vou já tratar das nossas bebidas.
Rose: Eu vou contigo…
Joan: Não é preciso, assim poupamos tempo. O concerto está quase a começar! Não te esqueças de por o número da banca e de trazer uma cópia do registo.
Rose: Joan?! – “Mas o que é que deu a esta rapariga? Mal acaba a frase e vai-se embora!”
Joan: Sim, diz!
Rose: E o que é que eu bebo?
Joan: Ai, desculpa! O que vai ser?
Rose: Um chá gelado, se faz favor!
Joan: Ok, até já.
Rose: Até já! Espera por mim aqui, está bem?
Joan: Espero sim!

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