Amar um amigo (T1 Ep.5-4)

Quarta-feira, 10 de Julho
Enquanto trabalhava na nova coleção, estudando os modelos que desenhei baseados no estilo da Sofie, o meu pensamento fugiu por momentos para as suas palavras proferidas ontem. Ela tem razão, eu acredito no príncipe encantado, no amor verdadeiro. Acredito que apenas com um único cruzar de olhares sabemos que aquela pessoa é a nossa metade que falta, a parte que nos complementa. Sim, é esse o amor que eu busco. Eu quero um amor que me consuma, que me faça arder por dentro, que me desafie, que me faça ir mais longe, que me motive.
Em parte como a paixão que tenho pelos meus desenhos, pelas minhas peças. A cada coleção é um novo desafio, uma nova prova para me superar a mim mesma. Se não pudesse voltar a desenhar seria como se me tirassem o chão, o ar, a razão de viver e é este o amor que quero partilhar numa relação. Eu sinto-o, sei que o vou encontrar.
O carinho que senti pelo Ryan não era como esta paixão, com esta intensidade, era um carinho de amigo. Preocupo-me com ele e com o seu bem-estar. Adorava cada momento que passávamos juntos, tal como com as meninas. As nossas reuniões, as nossas saídas, os momentos únicos em que partilhamos sorrisos, lágrimas, brincadeiras, aprendizagem… Não havia um impulso dentro de mim que me fizesse desejar ir mais além da amizade. E se o fizesse apenas pelo carinho que lhe tinha temia que ao apercebermo-nos que o amor partilhado entre nós não era o que idealizávamos, perdêssemos a amizade que construímos ao longo destes anos.
Como desejei que ele entendesse. Mas assim não foi. Afastou-se de mim e talvez por essa razão se tenha afastado um pouco das meninas e dos rapazes, também. É educado e sempre nos cumprimenta, porém, agora é diferente, já não está tão presente. Mas sei que ele está bem. Está mais próximo da Johana e do seu grupo de amigos. Por algumas vezes os vi reunidos no campo de basquete do parque junto à praia.
Alguns foram os minutos que me deixei levar por estes pensamentos, recordando-o, mantendo-o na minha lembrança, guardando o que de bom ficou. Apesar da tristeza que sentia compreendi o seu afastamento. Ele expôs os seus sentimentos e ficou magoado ao não ser correspondido… E como uma brusca chamada de atenção, para voltar ao mundo real, o meu telemóvel tocou…
Rose: Olá Joan!
Joan: Rose, temos um problema! Preciso que venhas cá à loja.
Rose: Então, o que se passa? Não dá para imprimir os inquéritos?
Joan: Não, os inquéritos já estão impressos! O problema é que não consigo levar este material todo sozinha. Já temos os adereços preparados.
Rose: Oh tonta, não te tinha dito que era melhor ficar contigo…
Joan: Vens?!
Rose: Claro que sim! Até já.


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