Em teu auxílio (T1 Ep.5-10)
Aquele
livro de aspecto antigo era mais do que um mistério para mim, era a chave não
só às minhas dúvidas como às questões da Joan. E ela sabia-o. Sabia que este
estava a tentar mostrar-me algo enquanto a alertava para o futuro que se previa
doloroso para ambas. Era claro para ela, que na sua outra vida, lançou um
encantamento sobre ele. E que o mesmo me envolvia, também, não restavam
dúvidas. A questão que se colocou, enquanto finaliza o preparo do lanche, foi… “Porquê?”.
Durante o lanche o silêncio predominou, pois ambas estávamos abaladas pelo
desconhecido, que apesar da sua falta de sentido, acontecera, nenhuma de nós se
atrevera a puxar pelo assunto. A Joan temia desvendar o pouco que sabia e eu,
com a noção que ela não seria sincera quanto ao que se passou, também não
queria falsas respostas, não queria que fosse esta a nossa amizade.
Seguimos
até ao exterior e na sua vespa foi deixar-me a casa e só saiu após conseguir
que eu prometesse que ia descansar. Assim o fiz. Por detrás do seu olhar
preocupado era claro a sua intriga, provocada, sem dúvida, pela incerteza dos
momentos que se revelaram, para mim, algo mais do que o possível.
Subi
as escadas em direcção ao quarto de costura e da janela ao canto observei a
Joan seguir o seu caminho, mas este não era em retorno à sua casa. Não! Com a
minha promessa de que permaneceria em casa de repouso, a Joan seguiu até à
propriedade da avó Beatrice e foi direita ao Mausoléu da sua família.
Desde
que descobriu a sua essência, a Biblioteca Ancestral era como um refúgio para a
Joan. Lá aprendia mais sobre si, sobre as suas capacidades e ao mesmo tempo
sentia-se segura, sentia-se em casa. Podia explorar os novos conhecimentos que
adquiria sem receios de ser observada, ou mal interpretada.
Joan:
Em todas as minhas visões a Rose está nelas. Porquê?! O que este diário tem que
ver com a Rose?!
Abriu
o livro, sacudiu-o e nada. Não havia folhas soltas, não havia instruções. Já
tinha lido grande parte do diário e não havia qualquer referência sobre mim,
pelo menos sob o nome Rose. Ao apalpar o livro sentiu um pequeno alto, pouco
perceptível, pela parte de dentro da contra capa.
Com
o olhar procurou em seu redor algo afiado para descolar aquela folha. E viu
então o punhal que se mantinha, entre outros objectos, exposto. Devagar o
introduziu entre a página e a contracapa, deslizando-o descolou-a pela
extremidade. Lá dentro continha uma mexa de cabelo castanho claro. O da Joan
era mais escuro, por isso não podia ser dela. Aquela mexa era semelhante ao meu
cabelo e com isto em pensamento, pegou no seu grimório e procurou pelo
encantamento que poderia estar sobre o diário. – Onde está, onde está… Aqui… -
Segurou forte na mexa de cabeça, concentrou-se em mim e pronunciou – Paratus sum ad vos historia vitae Katarina.
– E magia se fez! A Joan viu toda a minha vida passada pelos meus olhos,
memórias que eu, agora, já não possuía. E então a Joan adquiriu toda a minha
história, todos os meus segredos, as minhas alegrias, as minhas tristezas…
Joan:
Aquele rosto… Mikhael! Rose, minha amiga, que tragédia e eu sou a responsável
por tudo isto. Oh meu Deus, porquê? A avó tinha razão, será um processo
difícil, muitas emoções para assimilares… Eu não vou conseguir… - A dor que a
Joan sentira naquele momento foi avassaladora e ao libertar a energia em si,
liberta um grito de agonia, ouvido por Seth, que conhecendo bem os segredos do
Mausoléu, correu em seu socorro. – Mikhael!? Perdoa-me, meu irmão, perdoa-me
pela dor que vos causei!
Seth:
Oh, Rebecca, minha querida irmã…
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