O encantamento que te envolve (T1 Ep.5-7)

(Quarto Crescente) Terça-feira, 16 de Julho
Como planeado, cedo pela manhã preparei os sacos com as peças da nova coleção para reunir com a Joan na sua casa. E enquanto ela acabava de se aprontar aguardei no seu quarto. Pousei os sacos sobre a sua cama e sentei-me ao lado destes. Por momentos os meus pensamentos ficaram turvos. Uma vontade incontrolável apoderou-se do meu corpo e quando dei por mim estava de pé e a Joan junto a mim chamando pelo meu nome.
Joan: Rose…
Rose: Sim! – Fiquei sobressaltada, não dei pela sua entrada, não me recordo de ter caminhado até aqui e muito menos por que raio o livro sobre o qual mantinha a minha mão esquerda deixava em mim um tal encantamento. Fiquei embaraçada, pois a Joan quase me apanhara a espreitar o seu livro. Não fiz por mal, nestes poucos instantes perdi o controlo sobre os meus movimentos, invadiu-me uma curiosidade incontrolável, como se o livro me puxasse para ele. E nele focavam-se os meus pensamentos.
Joan: Está tudo bem?
Rose: Este livro parece tão antigo e tem uma capa tão macia. – Disse como se hipnotizada por este estivesse.
Joan: Cucu… - Com um aceno de mãos tentou tirar-me do estado hipnótico em que estava. – Não é um livro qualquer, é o meu diário. – Disse com uma voz tremida, como se temesse que o abrisse ou lesse.
Rose: Oh! Desculpa. Eu… Eu…
Joan: Podia jurar que o guardei na gaveta. Que estranho!
Rose: Encontrei-o já aqui em cima, juro.
Joan: Foi distracção minha de certeza. Vamos para o sótão!? – Com um ar muito misterioso pegou no diário e guardou-o na gaveta da sua escrivaninha.
Rose: Vamos, sim. Claro!
Ao deixar o seu quarto, com os sacos em mãos, foquei-me de novo no objectivo que me trouxera cá. Contudo, fora realmente uma sensação estranha com que aquele livro me deixara. Quão esquisito é sentir que há uma história por te ser contada e sob a tua mão está o desvendar desta?!
Seguimos escada acima. Bem, o mini estúdio que a Joan preparou no seu sótão estava incrível. Tudo pensado ao pormenor. Tinha cartolinas de todas as cores, tinha acessórios para ajudar a representar as peças, desde óculos de sol, lápis de cor, folhas caídas das árvores... Colocou dois candeeiros voltados para a parede branca e pôs o tripé entre eles, o mais centrado possível. Maravilhoso o seu desempenho, mas uma coisa estava em falta…
Rose: A máquina Joan?
Joan: Oh, não acredito. Ficou no quarto… Já volto. – Disse embaraçada.
A Joan tinha ficado com uma estranha sensação, por isso deixou, propositadamente, a câmara fotográfica no seu quarto. E quando lá chegou… O diário da sua vida passada estava novamente em cima da escrivaninha.
Joan: Mas que raio…


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