6º Episódio - O Festival de Verão (T1 Ep.6-1)

Um pacto de amizade
Quinta-feira, 18 de Julho
Depois de ontem estava muito desapontada com a Joan. O dia passou e não teve a consideração de me deixar nem um recado, fosse por mensagem de telemóvel, fosse pelo telefone fixo... Mais de vinte e quatro horas sem uma notícia, ou justificação, por me deixar, completamente, pendurada. Soube apenas, pela sua mãe, que tinha ido para casa da avó.

Para meu espanto, quem entra pela porta da cozinha, hoje de manhã? Exactamente, a própria, a Joan! Estava magoada com ela, mas quando a vi tive um sentimento de alívio, como se a espera por uma má notícia se desvanecesse.
   Joan: Bom dia Rose.
Rose: Olha, sempre está viva!
Joan: Devo-te um pedido de desculpas!

Rose: A sério? Não percebo porquê! Não me deixaste pendurada, mais uma vez, não deixaste de me responder, mais uma vez, nem me deixaste preocupada, mais uma vez!
Joan: Eu percebo que esteja chateada, mas, sinceramente, peço desculpa!
Rose: E sem uma justificação, mais uma vez! Ah, espera! Foste ter com a tua avó…
Joan: Não… Como sabes que estive em casa da minha avó? – Vá lá, pelo menos não me escondeu onde realmente esteve. – Sim, passei lá o dia…
Rose: A Sra. Beatrice está doente?! É por isso que tens andado estranha? – Tinha esta pergunta presa na garganta. Sei que a Joan não gosta de ser pressionada, mas já não suportava toda esta situação, tinha de a confrontar.
Joan: Não, graças a Deus ainda tem muita força! – Mais uma vez me surpreendeu, estava de facto a ser sincera comigo, seria desta vez que me explicava o que se está a passar com ela? – Mas já não vai para nova e precisa de mim…
Rose: Queres abandonar o projecto, é isso? Não faz mal se for, desde que sejas sincera.
Joan: Não!
Rose: Então o que é que se passa? O que é que me estás a esconder, Joan?
Joan: Há coisas que não são possíveis de serem explicadas, têm de ser vividas. Eu gostava de te poder contar tudo…
Rose: AH! Afinal, sempre estás a esconder-me algo!
Joan: Não! É complicado! – E com as lágrimas a começarem a aparecer continuou. – Eu quero fazer parte deste projecto, muito, não duvides disso, mas acima de tudo prezo muito a tua amizade, só te peço que confies em mim. Um dia explico-te tudo, só não me peças para o fazer agora!
Partiu-me o coração vê-la naquele estado, tão frágil, como se carregasse o mundo às costas. O que poderia ser assim tão grave para a fazer fechar-se em copas!? Eu sei que pelo meu tom a Joan percebeu que estava ressentida com ela. O que não percebeu foi que, mais do que ressentida, tinha ficado preocupada. Ela desapareceu um dia inteiro.
Rose: Façamos um pacto então! Não há mais desculpas, não há mais mentiras, não há mais desaparecimentos! Sempre que precisares destas “escapadelas”, diz-me só que “estás a tratar do assunto”, fica o nosso código, assim não fico a espera, nem para irmos treinar, nem que venhas ajudar, nem tão preocupada e tu ficas com o tempo que precisares para tratares do que tiveres a tratar, sem teres de perder tempo a arranjar uma desculpa! Pode ser?
Joan: Está bem! - E como se engolisse o choro disse. – Combinado.

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