O Cantinho do gatinho (T1 Ep3-9)
(Quarto
Crescente) Domingo,
16 de Junho
Cedinho pela manhã pus-me
ao trabalho. Com o planeamento acabado, os esboços feitos, e aproveitando algum
do material que tinha, comecei a fazer as coisinhas para o gatinho.
A cada cálculo das medidas
para fazer os moldes, a cada corte de tecido para coser, a cada alinhavo,
ficava mais perto de concluir as peças e à medida que as ia acabando, dispunha
pelo meu quarto.
A meio da manhã já tinha
alguns dos brinquedos que fizera para o gatinho prontos, então comecei a
desafiá-lo para a brincadeira, para praticar as suas capacidades de caça. E
como ele ficou irrequieto. Saltava e saltava para acompanhar os movimentos do
pequeno pássaro de feltro, mas não o tentava apanhar. Pousei o brinquedo, o
gatinho aproximou-se, cheirou-o e agachou-se junto deste, mantendo uma pata de
cada lado, observava em volta e eu me perguntava – “O que está ele a fazer?
Estás a guardar o pequeno pássaro?”
Talvez estivesse já cansado
da brincadeira. Quando retirei o brinquedo, observou-me a coloca-lo numa
pequena caixa e foi para o caixote, que ainda mantinha no quarto. Ele faz uma
coisa muito engraçada, dá volta e meia ao caixote, massaja a manta e só depois
é que se aninha. É mesmo muito engraçado de ver. Com o gatinho a fazer a sua
sesta matinal aproveitei para regressar ao trabalho.
Pela hora de almoço fomos
os dois para baixo. Num pratinho coloquei a comida que continha uma das
saquetas que comprara. No tempo que abri a porta da cozinha e preparei o meu
prato já o gatinho havia finalizado o seu. Olhou para mim a lamber em volta da
sua boca enquanto libertava um miar um pouco estranho, baixo e intermitente. –
Vai, podes ir. – Disse apontando para a rua. Mas ele não saiu da cozinha.
Peguei, então, no meu prato e nos talheres e dirigi-me aos degraus, sentei-me e
quando olhei para trás nem o precisei chamar. Lá vinha ele, devagar, cheirando
cada canto.
Depois de almoçar ainda
ficamos um pouco mais a aproveitar o belo dia que fazia. O gatinho mais
confiante já andava por todo o quintal. Arrumei a cozinha, fui à garagem buscar
uma manta, estendi-a no quintal e fui ao meu quarto buscar o próximo projecto
para começar a trabalhar. À medida que finalizava um ia ao quarto guardá-lo e
trazia outro.
Ao final da tarde a maior
parte das peças, que tinha planeado fazer, estavam prontas, e ficaram no meu
quarto. A sua caixa dos brinquedos ficou junto à cómoda, a caminha de rede
ficou por baixo da cadeira da secretária, o túnel ao lado da secretária, o
ginásio, que comprei, ficou junto ao túnel, prendi um dos passarinhos que fiz
por um fio na parede, o calendário das consultas, que o Sr. Luís me deu, e a
pasta que fiz para os seus documentos, coloquei na parede por cima do túnel,
fiz um portador para os produtos de higiene em forma de gatinho e coloquei-o no
quarto de banho juntamente com a caixa da areia para as suas necessidades.
A esperança de manter uma
longa amizade com este ser fora a principal motivação para os projectos de
hoje, para transformar o meu pequeno espaço num quarto para dois e, assim, como
parte da família o gatinho tinha agora o seu cantinho também!
O dia estava a chegar ao
fim e com o entusiasmo dos últimos acontecimentos envolvi-me tanto no trabalho
das peças para o gatinho que me esquecera de verificar se a Joan me enviara a
lista dos pedidos. E com esta ideia em mente comecei a sonhar de olhos abertos
com um espaço dedicado ao conforto dos nossos amigos de quatro patas. - “Podia
fazer acessórios, brinquedos e roupinhas lindas para eles. Hum… Bem, podia
criar um serviço de personalização, artigos condizentes para os donos e seus
amiguinhos… Sim, acho que é uma boa ideia, vamos ver o que a Joan acha!”
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