No Veterinário (T1 Ep3-7)

   Em dez minutos de viagem cá estávamos, junto ao parque de estacionamento do veterinário. Espreitei para dentro do caixote e o gatinho mantinha-se sossegadamente deitado. Olhou para mim completamente descontraído, acho que estava embriagado pelo sono. Bocejou e voltou a deitar a cabeça sobre as suas patas dianteiras. Coloquei a mão no puxador da porta e antes de sair agradeci ao Charlie por ter-nos trazido...
Rose: Obrigado Charlie.
Charlie: Queres que te venha buscar depois?
Rose: Não deve ser preciso. – Disse num tom entristecido, que não passou despercebido ao Charlie.
Charlie: Se precisares, manda mensagem que ponho-me cá num instante. – As suas palavras alimentavam a esperança em mim, sabendo, com certeza, que a sua intenção era animar-me e nada mais.
Rose: Está bem. Obrigado! Até logo Charlie.
Saí do carro com o gatinho e fomos em direcção ao veterinário. Com a tranquilidade com que o gatinho se mantinha a cada passo meu, era certo eu estar muito mais nervosa com este encontro do que ele.
Sentia tristeza na mera ideia de me separar dele, mas a verdade é que se tivesse dono, este também devia estar triste, pensado qual o seu destino. Encontrar o seu lar era o mais correcto a se fazer.
Ao entrar no edifício fui directa à recepção, aqui indicaram-me o gabinete do Sr. Luís e nós seguimos para lá. A porta do gabinete encontrava-se aberta, mas ainda assim bati três vezes em sinal da minha presença.
Rose: Posso, Sr. Luís?
Sr. Luís: Olá Rose, entra! – Olhou um pouco admirado para o caixote que tinha em mãos e acrescentou – O que te trás por cá?
Rose: Sr. Luís, eu encontrei este gatinho na rua…
Sr. Luís: E queres ver se tem chip, é isso?
Rose: Sim, se faz favor. – Pousei o caixote na cadeira, abri as abas e peguei no gatinho.
Sr. Luís: Dá-me um momento. – Disse enquanto procurava algo no seu computador de secretária. – Olha, não tenho aqui nenhum reporte de desaparecimento de um gatinho preto. Dá-mo cá. – Com a máquina que retirara da secretaria passou-lhe pelo dorso. – Chip também não tem. Faço-lhe um check-up e ele fica cá para adoção se ninguém o reclamar.
Rose: Aah… Ele podia ficar comigo até se encontrar o dono!
Sr. Luís: E se não tiver dono? Ter um animal de estimação é uma grande responsabilidade.
Rose: Eu sei Sr. Luís. Ele fica comigo, eu adopto-o.
Sr. Luís: Está bem, fica combinado assim então! Tens aqui uma lista do que ele precisa, mas para além de comida e conforto, ele também precisa de carinho e muita paciência. Pede na recepção para marcar nova consulta no próximo Sábado.
Rose: Está bem!
Sr. Luís: Já voltamos. – Pegou no gatinho, que olhava para mim de olhos bem abertos, e ambos ausentaram-se do gabinete por uns instantes. Mantive-me calma e aguardei em tranquilidade… Confesso que com uma certa alegria também. – Aqui está o pequenito. – Sorri ao vê-lo novamente, veio direito a mim e recostou-se no meu braço esquerdo… O Sr. Luís observava com alguma surpresa. – Já se criam laços de amizade, vejo. Bem, boas notícias. Está um pouco subnutrido, mas não apresenta nem lesões internas, nem quaisquer doenças. Com uma dieta regulada e muita água volta rapidamente à boa forma.
Rose: Obrigado Sr. Luís. Eu vou cuidar bem dele.
Sr. Luís: Acredito que sim! – Disse sorrindo, admirando a forma carinhosa que impunha a cada movimento meu. – Até ao próximo Sábado.
Rose: Até ao próximo Sábado. E obrigado uma vez mais Sr. Luís.
Na clínica o Sr. Luís, o veterinário, não tinha qualquer reporte do desaparecimento de um gatinho preto e não encontrou nenhum chip nele.
“Eu gostava de ficar com ele. No meu coração o gatinho já era parte da família. É verdade que é muita responsabilidade ter um animal de estimação, exigem muitos cuidados, carinho e atenção, mas acho que estou preparada e, sinceramente, gosto dele, sinto que já faz parte de mim”. Este pequeno ser havia me conquistado por completo, apenas com um olhar!

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