Protecção Encantada (T1 Ep.3-6)
O Charlie tinha razão na sua observação,
por dentro desejava poder cuidar do gatinho. Não sei como ele fora parar aquele
arbusto, não sabia se se perdera e temia que tivesse sido abandonado! Temia
porque se assim o fosse ele não teria sido o único, decerto… Apesar das dúvidas
e da curiosidade em descobrir quem poderia ter feito tal acto atroz, havido uma
ligação entre mim e este ser que eu tentava dissipar procurando uma razão para
este seu aparecimento misterioso.
Com a ajuda do Charlie ficara com menos
uma preocupação. Deixei os pensamentos negativos e concentrei-me no que precisava,
por agora seria encontrar e preparar o transporte do gatinho.
Ao deixar o quarto do Charlie dirigi-me,
então, para a garagem. Quando passei pela cozinha, olhei para as taças e estas
estavam, praticamente, vazias. O gatinho brincava, saltando na tentativa de
apanhar uma mosca, que por ali voava e, de quando em vez, ia aos encontrões
contra o vidro da porta da rua da cozinha. Parecia ter nova vitalidade, a sua
persistência em caçar a mosca era adorável, a sua intenção não parecia ser, de
facto, apanhá-la, mas sim andar aos saltos na brincadeira.
A sua cauda já não estava entre as suas
pernas traseiras, o que me indicava que já não estava assustado, ou estava
muito menos. Pelos poucos minutos que me ausentei, via já uma diferença notável
no gatinho. O seu corpo pequeno e frágil, não parecia tão machucado, a sua
expressão encantadora e cativante transmitia calma aos meus receios.
Abrir a porta que dá acesso à garagem e
de imediato vislumbrei os caixotes que o Charlie falara. Observei-os para me
certificar de que estavam vazios e peguei num. Fiz-lhe alguns furos pequenos
com um lápis e depois coloquei no fundo uma mantinha que tirara da prateleira
dos cestos.
Ao ouvir a voz do Charlie, vinda da
cozinha, fui espreitar e lá estava ele falando com o gatinho, enquanto lhe
fazia festas no pescoço.
Rose: É tão meiguinho, não é?
Charlie: É sim! Estás pronta, Rose?
Rose: Quase! Vais já sair?
Charlie: Sim. Precisas de ajuda?
Rose: Acho que não, já pus a mantinha e
fiz uns furos no caixote. Agora é só levar o gatinho.
Charlie: Então vá, espero no carro.
Rose: Está bem.
Peguei no gatinho, aconcheguei-o no meu
braço direito e com a mão esquerda acariciava-lhe a cabeça, enquanto lhe
explicava para onde o levava e porquê. Quando o pousei na mantinha, massajou-a
por um pouco, depois deu uma volta e meia e deitou-se. Como estava com medo,
que pelo caminho ele tentasse saltar, fechei as abas ao caixote antes de lhe
pegar e dirigir-me ao carro do Charlie.
A brincadeira com a mosca deve o ter
cansado, pois foi sossegado a viagem toda.
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