Um passo na tua direção (T1 Ep.3-3)

  A Joan estava tão intrigada quanto eu em relação ao estranho aparecimento da máscara que eu usara ontem no desfile. Era de facto muito estranho! A Joan jurou não a ter levado, nem a Dianne, nem a Monic, nem a Sofie reclamaram-na… - “Então de onde veio?!” - Com esta ideia em mente seguia para casa e de súbito os meus pensamentos sobre o assunto desvaneceram quando ouvi o que me pareceu um miar.
Era fraco e muito fininho, mas tinha quase a certeza de que era um miar. Espreitei nos arbustos e lá estava, um gatinho, muito pequenino, todo preto. - “Talvez tenha-se perdido, ou será que foi abandonado…”
Estava muito assustado, só pele e osso, completamente mal tratado. Fiquei de coração apertado ao vê-lo ali tão indefeso. Procurei por outros, se o tivessem abandonado era provável ter os seus irmãozinhos por perto, se fosse gatinho de rua, poderia ter a sua mama ali pelas redondezas. Olhei entre arbustos ali à volta, sem nunca o perder de vista, porém, nada! Ele estava sozinho.
Tentei aproximar-me, mas ele não deixou, correu para outro arbusto. A minha casa não ficava longe, podia ir buscar leite para atraí-lo?! Não o fiz com medo que no entretanto lhe acontecesse alguma coisa. Este sentimento de protecção apoderava-se de mim a cada momento mais que permanecia atenta! Não o ia deixar sozinho, isso era uma certeza, mas não sabia muito bem o que fazer, então, parei um pouco, junto da berma da estrada, observando-o…
Seguindo o meu instinto, sentei-me imóvel perto do arbusto que o gatinho se escondia e esperei. Depois de algum tempo ali sentada, completamente quieta, senti que ele se aproximava. Numa postura de desconfiança, como se estivesse pronto para correr, começou a cheirar-me. Andou um pouco à minha volta e, finalmente, acabou por ceder à sua curiosidade saltando para o meu colo.
Devagar levantei a minha mão para lhe acariciar o pelo, dar-lhe miminho numa tentativa de o deixar um pouco mais à vontade. E ele não fugiu, pelo contrário, recostou-se ainda mais.
Estava ali sentada, com este gatinho tão delicado e indefeso no meu colo, à espera que alguém aparecesse à sua procura. Mal dei pelos minutos passarem, mas o tempo voou e a hora para me reencontrar com a Joan aproximava-se. Ninguém apareceu e perguntava-me se apareceria. Eu não era capaz de o deixar. Decidi, então, o levar comigo para casa. Quando me levantei ele manteve-se agarrado ao meu peito, como se não quisesse largar. Por estranho que possa parecer, senti uma ligação muito forte com este ser, não fora apenas o sentimento de protecção que me dominou, fora, também, como se ele estivesse ali à minha espera!

Comentários

Mensagens populares