A Consciência dos Sonhos (T1 Ep2-3)

Sexta-feira, 17 de Maio
Esta semana passou tão rápido! Talvez assim o tenha parecido por ter sido uma semana de trabalho intenso e muito esforço. No entanto os resultados começavam a aparecer e a nossa satisfação era visível.
Com o material escolhido passamos à produção das peças. Já tinha esquematizado alguns dos desenhos, mas para passar à modelagem precisava das medidas das nossas modelos, assim ia aperfeiçoando a minha técnica de personalização ao invés de utilizar medidas padrão. Aproveitamos o facto das meninas estarem reunidas no ensaio da banda para as podermos tirar. A nossa desculpa foi que “com as medidas a marca escolheria melhor as peças mais adequadas a cada uma”. Eu sei que não foi muito convincente, mas lá a Joan, com as suas dicas de vestuário, arranjou forma de a elaborar melhor e antes do ensaio começar já as tinha registado nas fichas individuais que criara para cada uma.
De regresso a casa via mais um dia chegar ao fim, mas, ainda, antes de poder fechar os olhos para o descanso merecido e pelo qual ansiava, tinha os trabalhos para casa, da escola, para fazer. A Joan e eu acordamos que aos fins-de-semana faríamos os trabalhos para casa logo na sexta-feira e com os exames à porta programávamos duas horas de cada um dos dias seguintes para uma sessão de estudo, assim teríamos sábado e domingo bem planeados com tempo disponível para trabalhar nas peças sem ficarmos para traz no estudo.

Ao fim de uma semana tínhamos mais trabalho concluído, aumentando cada vez mais a ansiedade de ver os resultados finais. A nossa ausência nos ensaios das meninas começava a fazer sentir-se, pois
aproveitamos cada momento livre para trabalhar nas peças. E preocupava-me a falta de uma justificação aberta perante as nossas melhores amigas. O que nos detinha era o receio de as atrapalhar nos seus planos. Na sua generosidade repartir-se-iam por tantas tarefas, quantas fossem necessárias, mesmo abdicando de algo tão importante para elas, como os ensaios da banda. Mas nem a Joan, nem eu as queríamos sobrecarregar, mantendo assim esta uma obrigação nossa e de um certo modo um escape de diversão para as meninas. Elas adoram acessórios de moda, experimentar roupa nova, maquiagem, penteados… como a Joan diz adoram “just being a girl!

(Lua Cheia) Sábado, 25 de Maio
Às nove da manhã já estávamos as duas empenhadas no corte e costura. Até à pausa da hora do almoço tínhamos os moldes todos feitos. Deixamos o quarto de costura e levamos as mochilas para baixo. Era de esperar que o frenesim por adiantar mais trabalho nas peças não nos deixasse concentrar o suficiente no estudo, porém, o termos planeado, com rigor, estas três horas que se seguiam, libertava-nos do estado de ansiedade, permitindo-nos ter tempo para ajudar a preparar o almoço, almoçar, limpar a cozinha e estudar. Talvez a ordem dos eventos fosse o que realmente nos acalmava a mente.
Ao final da tarde, antes das despedidas, as primeiras peças já ganhava as formas finais, acho que foi então, que, efectivamente, se instalou a realidade da dimensão do que estávamos a fazer. – “Estamos a criar uma coleção para abrir o baile de final de ano!”
Rose: Nem acredito que estamos mesmo a fazer isto!
Joan: É melhor acreditares, porque estamos. É entusiasmante, não é? Vamos abrir o baile com um desfile, quão bom é isto!?
Rose: Obrigado pela ajuda Joan.
Joan: Amanhã cá estarei novamente. Nós vamos conseguir, vais ver.
O meu desejo esperançava tal, pois agora é o tudo ou nada. Temos de merecer o voto de confiança depositado em nós.
Uma vez mais, ao adormecer via-me brilhando pela passarela, possuindo cada passo com tal confiança. No meu sonho as meninas estavam tao entusiasmadas quanto eu, radiantes com as suas conquistas…
Mas isto era no meu sonho… Com a lua cheia no céu, algo de místico se desencadeava na noite. No quarto da Joan, enquanto esta dormia, a sua mente por outros lugares vagueava ao ouvir suspirarem-lhe - “lembra-te de quem és, Joan!” – Ouvia chamarem por si, enquanto se via ao meu lado a chegarmos ao pavilhão num dia de treino. Quando entramos no edifício tudo atrás de nós começou a desaparecer, surgindo à nossa frente um gigantesco salão. As nossas roupas haviam mudado, pareciam roupas do século XV. – “Stella” – Em nossa direcção vinham umas figuras cobertas por capas pretas, uma trazia um livro antigo que parecia ter escrito “Mallevs Maleficarvm”. E ao se aperceber dessas palavras a Joan grita, corre Katarina, corre! No seu sonho não consigo fugir. Sou agarrada pelas figuras de preto, a Joan luta para se libertar e corre na minha direção, mas é tarde demais… - “Rebecca” – A minha execução é a última imagem que a Joan tem antes de acordar em completo sobressalto.
Joan: Anastacia, não, NÃO!
Carol: Joan! Está tudo bem! Está tudo bem! Estou aqui contigo.
Joan: Carol, a Rose… Eu vi-a… Ela…
Carol: Foi só um pesadelo, já passou. Está tudo bem!
As palavras de Carol, pareciam acalmar a Joan, mas esta pressentia que algo estava por vir, pressentiu que eu estava em perigo. As vozes, esta energia que sentia, os seus sonhos acerca de outras épocas com os rostos do presente, ela sabia-o, eram sinais… As nossas vidas estavam prestes a mudar. E o que o futuro nos reservava, nunca poderíamos ter previsto!

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